São jovens, idosos, famílias. De classe baixa, média, até média alta. A crise na habitação é um vendaval que está a chegar a todos (com impactos diferentes, é certo) e a desarrumar vidas sem perdão.
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Um fenómeno europeu agravado em Portugal, num país onde o salário mínimo é de 760 euros e onde mais de metade das pessoas ganha menos de mil euros por mês. A inflação foi o abanão que faltava numa estrutura que já ameaçava ruir. Taxas de juro a disparar sem fim à vista, rendas cada vez mais altas, cidades tomadas pelo turismo, a oferta a não dar conta da procura. Há quem escolha vender o apartamento antes de se afundar em despesas, quem volte a casa dos pais aos 30 anos. E depois há situações-limite de gente despejada sem rumo, outros a viver no carro. O artigo 65.º da Constituição está a transformar-se numa miragem. Deixou de ser suficiente ter trabalho para ter casa. O retrato da realidade atual faz-se a várias escalas.