A fotografia de quatro estudantes universitários, em cima de cadeiras, de calças baixadas e com o rabo à mostra com a inscrição, nas nádegas, "não pagamos", continua a ser a imagem icónica dos protestos na Educação. A 16 de abril de 1993, no encerramento do Congresso Nacional do Ensino Superior deixou literalmente a nu a contestação dos estudantes perante o então ministro da Educação, Couto dos Santos. "Quatro estudantes voltaram-lhe os traseiros e ia tudo acabando à estalada", noticiou o Jornal de Notícias na edição de sábado, dia 17 de abril.
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"Vários estudantes contestaram as propinas mostrando as nádegas", referia ainda o JN, esclarecendo que o congresso "decorreu entre aplausos e vaias".
A contestação ao aumento das propinas estava no auge. Cerca de um ano antes, Cavaco Silva tinha alterado a comparticipação dos alunos nos custos do ensino superior e os protestos eram sentidos em todo o país.
O ministro Couto dos Santos discursava no encerramento do congresso e falava sobre a importância do ensino superior. "O futuro, passando por cada um de nós, pluralmente diferentes, não pode ignorar a instituição Universidade, os seus 700 anos de história, o seu espírito e a sua missão de continuar a ser um centro onde mestres e alunos se reúnem pelo saber", dizia o ministro quando foi interrompido pelos jovens. Para além de mostrarem as nádegas, os estudantes presentes gritaram "demissão". Entre os presentes na cerimónia, nem todos gostaram do protesto. De acordo com o JN, várias pessoas referiram o acontecimento como "uma vergonha", dizendo que os contestatários eram uns "ordinários".
Meses depois, em dezembro, na sequência dos protestos contínuos, Couto dos Santos demitiu-se e foi substituído por Manuela Ferreira Leite.