O Instituto de Apoio à Criança (IAC) já conta com cerca de 1700 respostas para o estudo que está a desenvolver - "Será que uma palmada resolve?" -, que incide sobre os efeitos e conceções da "palmada educativa" na sociedade portuguesa, apurou o JN. Fernanda Salvaterra, coordenadora do estudo lançado há seis meses, espera ainda atingir cerca de 3 mil respostas até ao final de agosto, e lançar os resultados do estudo no final de Setembro.
Corpo do artigo
Ainda não é possível tirar conclusões do estudo - só depois do tratamento dos dados -, e é também cedo para aferir "o que os pais pensam sobre a punição física", explicou Fernanda Salvaterra; que, sem avançar com conclusões, deseja contribuir para que "na sociedade portuguesa a palmada não seja um recurso educativo. [É preciso] acabar com a chamada palmada pedagógica", disse.
O estudo pretende perceber as "crenças" e "mitos" dos pais em torno da palmada para depois, "de forma mais eficaz, tentarmos desconstruir isso, propor alternativas" e outras formas de educação de como guiar as crianças sem recorrer à punição física, explicou Fernanda Salvaterra, também responsável sobre o conhecimento e formação do IAC.
Punição é "falha do pais"
O senso comum diz-nos que "de pequenino se torce o pepino, ou seja, que uma palmada de vez em quando não faz mal", explica a coordenadora, mas tais métodos acabam por ser recorrentes e "muito rapidamente as coisas se descontrolam". O que é necessário é que "os pais consigam educar os seus filhos sem o recurso à punição física", concretizou; porque da punição física não surte nenhum efeito "positivo" e fica a mensagem que as coisas se resolvem com violência, acrescentou.
Recorrer à punição física como o método para "controlar" ou "educar" as crianças reflete "sempre uma falha dos pais", atirou Fernanda Salvaterra, por estes não serem capazes de o fazer através de métodos mais positivos, explicou.
Colocar limites claros
"O segredo está sempre em colocar limites claros para a criança, regras claras, estabelecer rotinas para que a criança tenha um comportamento mais de acordo com aquilo que é esperado socialmente e daquilo que os pais também pretendem", disse. O ciclo é vicioso, explica a coordenadora do estudo, porque as crianças podem acabar por replicar esses mesmos comportamentos.
Em paralelo à divulgação dos resultados do estudo, o IAC está a organizar um encontro para dezembro, no qual divulgará os resultados da campanha "Nem mais um palmada". "Será também um balanço maior sobre a campanha que tem sido feita e o impacto que terá tido", afirmou.
A campanha "Nem mais uma palmada", lançada a 22 de fevereiro deste ano pelo IAC, tem decorrido nas redes sociais e canais digitais do instituto, e pretende apelar ao fim deste método de castigo físico usado pelos pais na sociedade portuguesa.