Apesar de ser um dos jogos que mais atrai a população portuguesa, as casas de aposta queixam-se que em tempos de pandemia tem havido pouco afluência, mesmo sendo este um prémio excecional. Apostas online também contribuem para a perda de clientes.
Corpo do artigo
O sorteio desta sexta-feira do Euromilhões tem em jogo o maior jackpot de sempre, no valor de 202 milhões de euros. Caso não haja um vencedor, na próxima terça-feira, o sorteio atinge o prémio máximo de 210 milhões de euros.
De acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Euromilhões continua a ser um dos jogos que reúne maior preferência junto dos apostadores portugueses, ocupando o segundo lugar nas vendas no portefólio dos Jogos Santa Casa. No entanto, em tempos de pandemia, as casas de aposta lamentam a pouca afluência, mesmo com um jackpot excecional em causa.
"Há dois anos, por exemplo, se havia um jackpot anunciado para terça, começávamos a registar boletins logo a partir do sábado. E para sexta, começávamos logo na quarta-feira. Mas a semana tem sido fraca", afirma Paulo Costa, proprietário da tabacaria Atrevo na Sorte, conhecida por ter registado um "M1lhão" vencedor, em novembro do ano passado.
A irmã do responsável, Carolina Terroso, admite que, durante esta quinta-feira, não atendeu mais clientes que o habitual. "Amanhã esperamos mais gente, mas nada comparado com o que era antes da pandemia", lamenta, justificando a diminuição de apostas na tabacaria com o confinamento e a perda do poder de compra das famílias.
"Antes da pandemia, toda a gente jogava e havia dinheiro", afirma a responsável de uma casa de jogo no centro de Braga que preferiu não ser identificada. Na Tabacaria Pais, instalada no Braga Parque, também se sente a crise. "A meio do mês, as apostas começam a baixar, mesmo com grandes prémios", admite um funcionário, esperando, ainda assim, alguma afluência no dia de amanhã.
O proprietário da Atrevo na Sorte acrescenta que as apostas online também contribuem para a perda de clientes, uma opinião partilhada por outros mediadores dos Jogos Santa Casa com quem o JN contactou. "Se as pessoas estão em casa, os mediadores físicos é que perdem", refere Paulo Costa.
71 prémios em Portugal
Em 16 anos, o Euromilhões já atribuiu 71 primeiros prémios em Portugal, ascendendo o seu valor global a mais de 2333 milhões de euros. No global, foram atribuídos mais de 437 milhões de prémios neste jogo, aos quais corresponde um valor total de 6510 milhões de euros.
O maior prémio de sempre atribuído em Portugal foi de 190 milhões de euros, em outubro de 2014. Um apostador francês ganhou, em dezembro do ano passado, 200 milhões, o maior jackpot até então.
De acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 2019, o Euromilhões atingiu 726 milhões de euros em vendas. "Valores do jackpot e os Super Jackpot Mínimo Garantidos continuam a ser fatores influenciadores no desempenho das vendas do Euromilhões, sendo esta correlação particularmente notória quando se registam valores de jackpot acima dos 100 milhões de euros", explica fonte oficial.
Os últimos estudos de mercado realizados apontam que o Euromilhões continua a ser a marca com maior notoriedade no universo dos Jogos Santa Casa, revelando um índice de notoriedade espontânea de 92% de um total de 100%.
Os responsáveis explicam que, caso não haja totalista hoje e na próxima terça-feira, o prémio máximo de 210 milhões manter-se-á durante cinco sorteios. Se, durante esse período, não for atribuído, o valor será distribuído pelas categorias inferiores. "Quando for atribuído o jackpot de 210 milhões de euros, o primeiro prémio irá regressar ao seu valor base de 17 milhões de euros", elucidam.