Milhares de alunos realizaram, esta segunda-feira, o exame nacional de Português. O nervosismo e a ansiedade não condicionaram a prova, que, avaliam os alunos, até foi "mais fácil" do que o expectável. Na Escola Secundária Almeida Garrett, em Gaia, a greve dos professores não teve qualquer impacto.
Corpo do artigo
Cerca de 188 alunos realizaram a prova de Português, esta segunda-feira, na Escola Secundária Almeida Garrett, em Gaia. À medida que iam saindo das salas, os estudantes do Liceu de Gaia trocavam ideias e opiniões sobre as várias questões da prova. "Estava à espera que fosse mais difícil, mas, quando cheguei lá, surpreendi-me", confessa David Ferreira.
Apesar da ansiedade de quem está quase a terminar o Ensino Secundário e do nervosismo de quem precisa obter uma boa nota nas provas de ingresso ao Ensino Superior, a maioria dos alunos da Almeida Garrett considerou que o exame foi "bastante acessível".
"Achei fácil, correu tudo bem e respondi a todas as perguntas", admite Sónia Martins. A aluna, que pretende seguir gestão hoteleira, precisa do exame de Português para poder ingressar no Ensino Superior. "Estudei bastante. Só não estudei um dos temas que saiu, mas não tive dificuldade em fazer", conclui.
Beatriz Gomez, que ainda está indecisa entre os cursos de comunicação e de filosofia, foi realizar a prova pela segundo ano consecutivo e afirma que "foi muito mais fácil do que a do ano passado. Estudei muito, mas as perguntas eram mais acessíveis. Tinham algumas rasteiras, porém era muito mais fácil", assegura a estudante.
Garantir os interesses dos alunos
Num ano letivo marcado pela instabilidade, onde as greves e as manifestações dos professores foram uma constante, foi assegurado aos alunos a realização dos exames, tendo sido decretados serviços mínimos. Os exames estão "a funcionar com toda a tranquilidade, exatamente da mesma forma que fizemos no passado", garante Paulo Mota, diretor da Escola Secundária Almeida Garrett. Acrescenta que cabe ao estabelecimento de ensino "assegurar as condições mínimas para a realização das provas, respeitando o super interesse dos alunos".
O diretor explica que, devido à greve, os serviços mínimos decretados obrigam a que estejam "duas pessoas em sala: os vigilantes e os suplentes". No entanto, "hoje não há ninguém em greve. Tínhamos até suplentes a mais, que já dispensámos, porque não é necessário", afirma Paulo Mota.
"Embora as pessoas tenham o direito à greve e os serviços mínimos tornem quase inócuo esse direito, acredito que os professores estejam a optar por dar aos filhos dos outros o que, provavelmente, gostavam que fizessem ao deles, que é tranquilidade e a possibilidade de aceder ao Ensino Superior com toda a normalidade", sublinha o diretor.
"Não queremos prejudicar os alunos"
A dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, Maria José Costa, afirma que os docentes não pretendem prejudicar os alunos e que garantirão a realização dos exames nacionais. No entanto, afirma que "o Ministério da Educação e o Governo têm perdido tanto tempo a convocar serviços mínimos, quando deviam estar preocupados em resolver os problemas que afetam os professores, as escolas, os alunos e as famílias".
"Os serviços mínimos a todo o serviço estão a esvaziar o direito à greve e as organizações sindicais vão recorrer ao tribunal da relação de Lisboa sobre esta decisão", assegura a dirigente.
Maria José Costa admite que "foi um ano complicado, de muito luta, que os professores estão cansados, mas não vão parar". A prioridade é "resolver os problemas e negociar de boa-fé".