A medida do Governo que bonifica os juros do crédito à habitação das famílias com maior taxa de esforço vai ser reforçada. O reforço será anunciado este mês, disse esta quarta-feira o ministro das Finanças, Fernando Medina.
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Para responder à crise das famílias que viram subir a prestação do crédito à habitação, o Governo prepara-se para lançar mais duas medidas: o reforço da bonificação dos juros e um diploma que estabilizará, durante dois anos, o valor das prestações.
Segundo Fernando Medina, quem tem uma taxa de esforço do crédito à habitação entre 35% e 50% terá “uma bonificação maior do que aquela que existe atualmente”. O mesmo sucede para aqueles cuja taxa de esforço é ainda maior. “Estamos a falar sempre de famílias com rendimento até ao sexto escalão do IRS”, ressalvou Fernando Medina, à saída do Conselho Económico e Social.
O apoio à bonificação dos juros chegou a cerca de 10 mil contratos de crédito e o montante variou consoante o banco, com médias que variam entre os 25 euros e os 37 euros por família. O Governo já admitiu que ficou aquém das expectativas.
A outra medida é nova e “estabilizará, durante um período de dois anos, o valor das prestações”. Os pormenores deste apoio ainda são desconhecidos. Sabe-se apenas que se destina ao crédito à habitação e “permitirá que as pessoas e famílias tenham mais confiança relativamente ao seu planeamento e organização porque não estarão com receio de que haja subidas repentinas e novas subidas nas atualizações dos referenciais”, adiantou o ministro das Finanças.
Crescimento acima de 2,1%
À saída do Conselho Económico e Social, Fernando Medina revelou ainda que a economia não deverá crescer, ao longo deste ano, menos do que 2,1% do PIB. Questionado sobre o impacto da paralisação na Autoeuropa, o ministro das Finanças admitiu que “é evidente que tem impacto económico do ponto de vista das exportações”, mas há outros movimentos da economia que compensam essa perda.
A última previsão do Governo para 2023 é de 1,8%, segundo o Pacto de Estabilidade e Crescimento. “Será difícil que a economia cresça abaixo de 2,1%. Significa que se não crescesse mais até ao final do ano, e vai crescer mais até ao final do ano, a economia portuguesa com aquilo que já cresceu, cresceria 2,1%”, anunciou o ministro das Finanças.
António Costa à espera do BCE
À margem de uma visita a uma residência universitária no Porto, o primeiro-ministro, António Costa, disse que está à espera do Banco Central Europeu (BCE) para poder avançar com mais apoios: "Aguardamos pela decisão do BCE para que o Conselho de Ministros da próxima semana possa proceder a uma revisão da legislação que existe para apoiar as famílias que têm créditos à habitação".
António Costa disse ainda que, em função do que será decidido pelo BCE, o Governo adotará um novo diploma relativamente ao crédito habitação para que as famílias portuguesas "possam ter, sobretudo, previsibilidade ao longo dos próximos anos e estabilidade no que podem prever relativamente ao que é a evolução da sua prestação".