Um mês após o episódio que levou à hospitalização de seis militares que frequentavam o 138.º curso de Comandos e à transplantação hepática de um deles, ainda não há respostas e prossegue o processo de averiguações, instaurado para apurar as causas do incidente, ocorrido a 7 de setembro.
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A ministra da Defesa, Helena Carreiras, disse, no passado dia 20, esperar ter conclusões nas duas semanas seguintes, mas tal não se verificou. Questionado pelo JN, o Exército esclarece que, "neste momento, encontram-se ainda a decorrer um processo de averiguações e uma inspeção técnica extraordinária, cujas conclusões estão a ser apuradas com a possível celeridade e a máxima precisão".
Só "após a respetiva conclusão desses processos, será possível apurar qual ou quais os fatores que provocaram os acontecimentos ocorridos no curso de Comandos e, subsequentemente, se é imperativo aplicar novos procedimentos e/ou alterações às atividades que constituem o elenco formativo do curso". O curso mantém-se suspenso, como indicam as relações públicas daquele ramo das Forças Armadas. O militar transplantado, de cerca de 20 anos, teve alta na sexta-feira do Hospital Curry Cabral.
Uso de esteroides?
Colocada de parte não está, para já, a hipótese de utilização de substâncias anabolizantes por parte dos militares, um cenário que foi deixado em aberto pelo próprio presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, quando referiu que o incidente ocorrido no 138.º curso de Comandos aparentava ser "uma situação muito diferente" daquela que sucedeu em 2016, quando dois instruendos morreram na sequência de um golpe de calor, durante um exercício.
O uso de esteroides anabolizantes, que aumentam a massa muscular, é, aliás, uma prática corrente, por exemplo, entre os praticantes de musculação e de culturismo, atividades a que muitos dos candidatos a Comandos se encontram ligados. E o consumo destas substâncias não é desconhecido no meio militar.
"Admito que possa haver indivíduos, nas tropas especiais, que tomam esse tipo de suplementos alimentares. Não é ilegal. Mas, nesta situação em concreto, não faço ideia se foi o caso", aponta o tenente-coronel António Mota, que preside à Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). O oficial ressalva, contudo, que esses produtos "estão proibidos durante os cursos". Os instruendos "nem bebidas energéticas podem ingerir", frisou ao JN.