António Costa pediu desculpa, este sábado, aos portugueses pelos envelopes com dinheiro encontrados em São Bento e pediu para que não se "confunda a responsabilidade individual com o exercício da ação governativa" numa declaração ao país. Conheça as reações dos partidos.
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O líder do PSD acusou o PS de estar sempre "a deixar o país pior do que o encontrou". "Há razões muito profundas para haver desânimo, para haver descrença, o que estamos a viver em Portugal não é motivo de orgulho para ninguém. É a terceira vez em 22 anos que o país fica mergulhado num pântano político, pelas mãos do PS. É a fatalidade do PS. Sempre que vai para o Governo deixa o país pior do que aquilo que encontrou. Desde o 25 de abril não há nenhum Governo socialista que não tenha deixado o país pior do que aquilo que encontrou", acusou Luís Montenegro.
Por isso, Montenegro avançou que o PSD vai aproveitar os próximos quatro meses para se "concentrar em explicar aos portugueses como a sua vida vai melhorar com um novo Governo e uma nova maioria na Assembleia da República". Obviamente não deixaremos de apontar os erros mas o que queremos é apontar a luz, o caminho. Precisamos e Portugal de unir o país", adiantou ainda.
Segundo o líder do PSD, o objetivo é "alargar a todo o país" o que Carlos Moedas está a fazer em Lisboa. "É essa inspiração que nos vai mover nos próximos quatro meses até à vitória eleitoral", disse Montenegro, piscando o olho a "todos aqueles que têm razões fundadas para estarem desiludos com a opção que tomaram há cerca de dois anos". "Que bom que será o país ter mais Carlos Moedas. Simboliza muito do espelho da nossa sociedade e do nosso projeto, do que queremos fazer", avançou.
O CDS-PP considerou “deplorável” que António Costa tenha usado a residência oficial do primeiro-ministro para fazer declaração ao país deste sábado. “É inaceitável que se permita utilizar o cargo e a sua residência oficial para se defender de circunstância judiciais e pessoais, que só podem ser dirimidas nos tribunais”, defendeu o líder dos centristas, Nuno Melo, em comunicado.
“Ao longo de toda a respectiva vida política, António Costa argumentou recorrentemente com o jargão 'à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política'. Na primeira oportunidade, violou relativamente a si, o critério que utilizou relativamente aos outros, para evitar comentários e declarações”, acusou o líder do CDS-PP, considerando que “não é aceitável e é profundamente deplorável” o usdo da residência oficial para esse fim “por um primeiro-ministro acossado por um processo-crime que investiga crimes de corrupção e tráfico de influências”.
“A residência oficial do Primeiro-Ministro não deve ser utilizada para o próprio se defender de um processo-crime e para pressionar, dessa forma, a justiça e a investigação em causa. Este é o tempo da justiça, não o tempo da política!”, reforçou Nuno Melo, acrescentando que António Costa deveria era ter aproveitado a oportunidade para demitir João Galamba.
A porta-voz do PAN lamentou que as regras para regerem a atividade dos lóbies não tenham sido aprovadas no Parlamento, considerando que se as pretensões do seu partido tivessem vingado "teriamos entidades mais controladas e transparentes". Lembrando que o partido também apresentou várias iniativas com vista à divulgação dos contornos de projetos como o do hidrogénio e do lítio, Inês Sousa Real avisou que os "portugueses estão cansados" de verem que "há dinheiro mas que não está a ser canalizado para onde deve ir".
A iniciativa Liberal (IL) espera que da reunião do primeiro-ministro, António Costa, com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saia a demissão do ministro das Infraestruturas. "É lamentável que João Galamba não tenha sido demitido. Não há condições políticas para continuar", considerou o deputado da IL, Bernardo Blanco, considerando que "é preciso de um novo ciclo de governação". Para Bernardo Blanco, "o problema não é o investimento", conforme disse na sua declaração o primeiro-ministro. "O problema é favorecer certos investidores. Disto António Costa nada fez e agora só se lembra quando se vê envolvido num escândalo", vincou o deputado da IL
O deputado do Livre, Rui Tavares, acusa António Costa de estar a "chorar sobre o leite derramado", considerando que teve, em oito anos, "condições únicas para resolver alguns dos problemas de que todos nós nos queixamos" e não o fez. Rui Tavares referia-se, por exemplo, à regulamentação da atividade do lóbie e à introdução de esclarecimentos na lei "àcerca do que é o lícito ilegitimo relativamente ao exercício do poder politico e público".
António Filipe, do PCP, recordou que "infelizmente temos tido ao longo dos ultimos anos muitos exemplos de consequências desta promiscuidade" entre interesses económicos e a decisão pública". E lembrou "o processo Espírito Santo, e no que isso significou para a economia nacional", e o processo da TAP, que continuou a ser gerida por interesses privados mesmo depois de Estado controlar o capital.
"Estamos perante situações que tem envolvido vários governos em que a promiscuidade entre interesses económicos e a decisão pública e aquilo que deve ser a atuação do estado, não ao serviço de interesses privados, mas em defesa do interesse público, tem sido preterida", afirmou.
O deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considera que António Costa não aprendeu com os erros do passado e adiantou que o BE vai apresentar propostas no Parlamento para acabar com o regime dos projetos PIN. "Queremos acabar com estes regimes de favor, que colocam o negócio acima da lei geral, acima do direito das populações, acima da lei ambiental", afirmou.
"O primeiro-ministro quis dar uma mensagem de tranquilidade aos beneficiários dos projetos PIN, sendo que quase todos tiveram projetos na justiça", referiu.
Sobre o pedido de desculpas de António Costa, Pedro Filipe Soares disse que o próprio deve concordar com a máxima: "as desculpas não se pedem, evitam-se".
O líder do Chega, André Ventura, acusou o primeiro-ministro de ter tentado condicionar a justiça, ao fazer a declaração este sábado, à hora em que os arguidos estavam a conhecer as medidas de coação. "O que assistimos, hoje, foi um acto bizarro, deselegante, inadequado do primeiro-ministro. Sabe que, à hora em que está a falar, os arguidos estão a ser ouvidos, que estão ser discutidas as medidas de coação e decidiu quebrar a regra para dizer perante o país todo, em horário nobre, que o trabalho do Governo mais não foi do que agilizar procedimentos, sob a capa e o pretexto de dizer aos investidores que Portugal é um país seguro para se investir", começou por referir André Ventura para acusar António Costa de um ato "intolerável": "Quis interferir diretamente na esfera da Justiça para condidiconar a Justiça, os magistradaos e a opinião pública". "Esta declaração do primeiro-ministro é um ataque direto ao coração da Justiça", reforçou Ventura, considerando que a declaração deste sábado poderia ter sido feita durante os próximos quatro meses.