Ciberataques e falhas nos sistemas operativos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm sido problemas recorrentes, colocando em risco a segurança dos doentes, ao não permitir que os profissionais acedam a informações clínicas dos doentes, alertou a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
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Os casos de fragilidade informática nos hospitais e nos centros de saúde do SNS aumentaram e colocam em causa parte do trabalho dos profissionais e a segurança dos atos médicos prestados aos doentes. Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde reconhecem que, "ocasionalmente, poderão ser detetadas dificuldades de acesso a sistemas, que se procura resolver com prontidão". Sempre que são reportadas falhas, são mobilizadas equipas técnicas para a sua resolução para reduzir o impacto para utentes e profissionais de saúde", concretizam ainda.
De acordo com a FNAM, as falhas nos programas de Prescrição Eletrónica de Medicamentos e do SClínico são as mais recorrentes e aquelas que têm afetado mais serviços. Os problemas no acesso ao SClínico podem impedir a concretização de consultas, a prescrição de terapêutica e o acesso ao histórico dos doentes, que são “processos fundamentais para o correto funcionamento dos serviços de saúde”, adverte.
Foram identificadas várias falhas nas administrações regionais de Saúde do Norte e do Algarve, no Hospital de Santo António, no Porto, no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde e no Serviço de Saúde da Madeira. Segundo a FNAM “a raiz do problema está na falta de investimento estrutural, não só no plano humano, mas também na capacidade logística”.
Médicos pedem escusa
No Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, vários médicos de entregaram escusas de responsabilidade devido às falhas informáticas, indica a FNAM. Contactado pelo JN, o referido centro hospitalar confirma que “houve, no final de julho, um constrangimento nos sistemas informáticos”, mas que “a situação está sanada há quase três semanas”.
O Hospital de Santo António, no Porto, refere que, na passada segunda-feira, “houve alguma intermitência no funcionamento”, contudo a situação “foi normalizada ainda no próprio dia”.
Ao JN, os SPMS admitem que, esta terça-feira, foi detetado um problema que "estava a causar lentidão em algumas aplicações, incluindo a Prescrição Eletrónica de Medicamentos. O serviço e a segurança dos doentes não foram, porém, postos em causa e o problema foi resolvido". Aquele organismo especifica que a lei prevê a prescrição de fármacos à mão, em caso de "falência do sistema informático".
A federação entende que os médicos devem pedir escusa de responsabilidade, quando “confrontados com falhas do sistema informático, impeditivas ou limitadoras do exercício das suas funções profissionais”. Além disso, recomenda que informem o superior hierárquico para que sejam “colocados em marcha os procedimentos técnicos para solução do problema, no mais curto espaço de tempo”.