As 100 mil camas existentes no país não respondem às necessidades da população envelhecida e dependente.
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A escassez de camas em residências seniores em Portugal está a contribuir para os elevados preços, que oscilam geralmente entre os 1000 e os 1500 euros, revela um estudo da Via Senior/BA&N Research Unit, que faz um retrato da realidade nacional.
"Há muita procura, pouca oferta, taxas de ocupação de quase 100% e isso leva a um aumento dos preços", explica Nuno Saraiva de Ponte, diretor-geral da Via Senior, empresa que criou uma plataforma que reúne todo o alojamento sénior do país para ajudar as famílias a encontrarem o tipo de instalações que mais se adequa às necessidades dos seus idosos. "Se o número de camas disponíveis aumentasse, seria possível descer os preços em algumas categorias", assegura, ressalvando que há outros fatores que pesam no preço, como a necessidade de cuidados médicos para utentes mais dependentes.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, em Portugal existiam em 2018 cerca de 2700 estruturas residenciais para pessoas idosas (sendo cerca de 780 privadas de âmbito lucrativo e as restantes pertencentes a instituições particulares de solidariedade social e a misericórdias), que disponibilizam pouco mais de 100 mil camas (25 mil das quais privadas de âmbito lucrativo).
Terrenos e apoios fiscais
No país existem 2,42 milhões de pessoas com mais de 65 anos, sendo que muitas têm algum grau de dependência. De acordo com o especialista, existirão em Portugal cerca de "700 a 800 mil pessoas" idosas com dependências que poderão vir a precisar de apoio de residências seniores, sobretudo se se considerar o facto de as "redes de apoio informal" baseadas nas famílias e comunidades estarem a diminuir devido às transformações sociais.
De acordo com o estudo, o preço médio da mensalidade está entre 1000 e 1500 euros em 41% das residências, subindo para 1500 a 2000 euros em 28,2% dos casos e mais de 2000 euros em 23,1%. Os outros 7,7% estão abaixo de mil euros. Quatro em cada 10 destas instituições (41%) têm 10 ou mais anos de atividade, sendo que 28,2% foram criadas há mais de cinco, mas menos de uma década.
"O tempo de permanência média na residência vai de um a cinco anos", um sinal de que, "as pessoas recorrem às residências seniores em fim de linha", acrescenta Nuno Saraiva de Ponte.
"Para a população envelhecida e dependente, as residências seniores e lares vão ser incontornáveis", diz, defendendo que o Estado deve ajudar a aumentar o número de instalações disponíveis, nomeadamente através da "disponibilização de terrenos e benefícios fiscais" às instituições.