Estabilidade traz expectativa de rapidez no PRR e nos fundos, bem como de mudança nos planos fiscal, laboral e custos de contextos.
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Maioria absoluta traz mais responsabilidade. A expressão já referida por António Costa é agora usada por representantes de vários setores, para os quais o Governo não tem desculpa para adiar reformas estruturais. Querem também rapidez e eficácia no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no Portugal 2030.
Após a maioria absoluta ter suscitado reações de patrões, centrais sindicais, banqueiros e hotelaria, o JN falou com a indústria.
Perante um cenário "que dá mais garantias de estabilidade governativa", Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), disse ao JN acreditar que o país "reúne agora condições para encetar as reformas estruturais de que precisa e que os empresários diariamente e justamente reclamam".
Considera "urgente uma estratégia clara e integrada, com medidas concretas para recuperar a atividade económica, melhorar a competitividade e relançar e reorientar o investimento".
Neste âmbito, "o PRR e o PT2030 devem ser aproveitados de forma eficaz".
Entre várias outras medidas, diz ser "absolutamente crucial" apoiar "a recapitalização das empresas e a requalificação dos ativos", e chama a atenção para o envelhecimento da população e para a "rigidez laboral".
Vítor Poças, presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, diz que a maioria absoluta de Costa, como "insistentemente pedido e fundamentado pelo próprio", é "uma responsabilidade, uma prova de vontade de crescimento e uma inequívoca oportunidade desamarrada das forças adversas para que, no final dos dez anos de governação, não haja mais desculpas". "O nosso país não é mais pobre, nem os portugueses são inferiores aos demais que ombreiam connosco. As indústrias de base florestal estão disponíveis para colaborar e continuar a aumentar as exportações. Não acabem com a nossa floresta", apelou.
Falta mão de obra
Para Manuel Reis Campos, líder da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, "2022 é decisivo" para implementar o PRR e o PT2020, em fase final de execução, beneficiando "plenamente" destes apoios. Tal "exige que, ao longo deste ano, grande parte dos investimentos seja totalmente definida e objeto de implementação no terreno".
Do Governo, quer "medidas concretas e imediatas" para resolver os problemas conjunturais que as empresas enfrentam, "sobretudo a falta de mão de obra qualificada", sendo necessários 70 a 80 mil trabalhadores no setor, e "a anómala subida dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção, acompanhada por fortes disrupções nas cadeias globais de produção e distribuição".
Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos, defende "um ambiente de negócios favorável". "A carga fiscal sobre as nossas empresas penaliza substancialmente a competitividade externa" e também "os custos de contexto, ao nível da energia, fiscalidade ou justiça, são altamente penalizadores". Urge "um acordo alargado para a sua normalização".
Confiança nas empresas
Para César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção, a maioria absoluta "simboliza a tão desejada estabilidade política". E o PS "vai certamente reforçar as medidas já delineadas para a recuperação económica", desde logo no PRR e no PT2030, que "serão um motor de arranque para as empresas". "Os setores do têxtil e do vestuário precisam desta alavanca para se reposicionarem no mercado internacional", avisa. Além disso, acredita que "os resultados eleitorais vão reforçar a confiança no nosso país e nas empresas nacionais".
Contra interesses instalados e rigidez laboral
Mário Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, espera do Governo "o que não conseguiu fazer nos últimos anos devido ao apoio parlamentar avesso a reformas para maior competitividade da economia".
O presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal avisa ainda que, embora com "condições para fazer as reformas e experiência governativa", Costa "vai ter de enfrentar uma série de interesses instalados", seja na concertação social ou junto das ordens profissionais. E destaca, neste âmbito, "a rigidez da legislação laboral", defendendo, sim, o chamado modelo de "flexissegurança".
Momentos
Posse dia 23 ou 24
O primeiro-ministro conta apresentar ao presidente da República os nomes para o Governo no dia 22 ou 23, prevendo que seja empossado entre 23 e 24 deste mês.
CIP propõe medidas
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, anunciou a apresentação ao Governo de um caderno de encargos.
Centrais avisam
A CGTP diz que a maioria absoluta pode ser forma de manter "sem amarras opções que não são favoráveis aos trabalhadores". A UGT fala em "maior responsabilidade na procura de consensos, em diálogo social e político".
Banca aplaude
O presidente do BPI juntou-se ao Santander para aplaudir a maioria absoluta. Defendeu que "este resultado traz claramente uma vantagem" e "clarificação para o futuro".
Apelo