Oposição vai confrontar primeiro-ministro com falhas nos serviços públicos e na prevenção de fogos. Socialistas argumentam com previsões de crescimento e reformas em curso.
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A falta de professores às portas do novo ano letivo, os incêndios a fustigar o país, a escassez de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a agravar-se e o caos nos aeroportos prometem marcar, esta quarta-feira, o debate sobre o estado da nação, no Parlamento, sendo destacados ao JN pela Oposição. Já o PS aponta as reformas da descentralização, da dedicação plena no SNS, a recuperação das aprendizagens, a Agenda do Trabalho Digno e a reforma das ordens profissionais.
Pelo PSD, Joaquim Miranda Sarmento refere "o colapso dos serviços públicos, do SNS à falta de professores, passando pelo caos nos aeroportos, a incapacidade na prevenção e combate aos incêndios". "Até para tirar o cartão do cidadão, os portugueses sofrem um calvário", criticou. Outro ponto negativo é o aumento do custo de vida: dispara a inflação e a perda de rendimentos afeta sobretudo pensionistas e famílias de baixos rendimentos, com "falta de resposta social do Governo", denuncia.
cRESCIMENTO E EMPREGO
O PSD ataca, ainda, "a falta de perspetivas de crescimento económico para os próximos anos". E prevê "anos de crescimento anémico" na cauda europeia.
Pelo PS, Eurico Brilhante Dias contrapõe com os indicadores de crescimento e desemprego, e com as contas certas (ler texto ao lado).
Já o bloquista Pedro Filipe Soares destacou "o empobrecimento generalizado que a inflação está a trazer ao país". E apontou as falhas nos serviços públicos, indicando a Saúde como o caso mais exemplificativo, mas "que não é o único". Por último, critica "a falta de projeto para melhorar a vida" dos portugueses.
Pelo PCP, Paula Santos refere, desde logo, "o agravamento das condições de vida e a degradação dos serviços públicos". "Salários e pensões dão para cada vez menos, a inflação cresce, bem como os preços de bens essenciais". E há "múltiplas dificuldades no acesso aos cuidados de saúde", destacou. Mas o Governo, diz o PCP, "recusa" aumentar salários e pensões, "controlar e fixar os preços de bens essenciais" e "adotar as soluções para contratar e fixar profissionais de saúde".
O PAN critica "a incapacidade de enfrentar as alterações climáticas, visível na falta de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência" e "em decisões desastrosas de insistir no projeto do aeroporto do Montijo, proliferação do eucalipto e de culturas intensivas e superintensivas". E avisa que os incêndios são resultado disso.
A Iniciativa Liberal nota, além "da degradação dos serviços públicos", que "este Governo nada planeia, prevê ou resolve". Aos encerramentos de urgências e à falta de médicos de família, soma o relatório do Conselho Nacional de Saúde: o combate à covid-19 "deixou para trás todos os tipos de cirurgias, consultas e rastreios", lamenta a IL.
O Chega começa por referir "o fracasso" do Governo na prevenção dos incêndios e "o Plano de Ordenamento do Território que ficou na gaveta". "O caos na Saúde é outro ponto negativo", com uma "ministra que não é manifestamente capaz de gerir o SNS e seus profissionais, deixando milhões sem médico de família e milhares sem acesso a cuidados de saúde devido ao encerramento de urgências de diversas especialidades". Destaca, ainda, a polémica que envolveu o ministro Pedro Nuno Santos.
PS destaca indicadores positivos contra incerteza internacional
O líder do grupo parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, destacou "três indicadores positivos". "Em primeiro lugar, as expectativas de crescimento económico elevado em 2022, o maior crescimento da União Europeia. Mesmo para 2023, as perspetivas de crescimento permitem a convergência com a UE", referiu ao JN. "Em segundo lugar, a taxa de desemprego encontra-se em valores historicamente baixos, nos 6,1%. Finalmente, o compromisso com as contas certas retira Portugal dos países mais endividados da Zona Euro, permitindo que o país enfrente" o cenário de incerteza internacional "com garantias", disse o deputado. Mas ressalvou que "estes dados não devem toldar a ambição de fazer mais e melhor". E, nesse sentido, defende que "é fundamental prosseguir com as reformas em curso, que garantem condições para continuar a convergir, mas que não descuram a necessidade de manter a coesão social e territorial".