O protesto dos trabalhadores não vai parar no verão e estão previstas greves nos mais diversos setores, como transportes e serviços de saúde, ainda durante este mês e também em agosto, num ano de crise, provocada pela pandemia e agravada pela guerra. Em meio ano, os pré-avisos de greve já são 632, quase dois terços da totalidade entregue em 2021.
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O "boom" foi em maio, mês em que se aprovou o Orçamento do Estado, e a tendência manteve-se em junho, com estes dois meses a somarem 362 greves comunicadas ao Governo, muito mais do que os 270 pré-avisos entregues entre janeiro e abril deste ano.
Após um mês de intenso protesto sindical, que culminou na manifestação nacional da CGTP-IN do passado dia 7, em Lisboa, a intersindical apoia, agora, a luta nas empresas e nos serviços. Ao JN, a dirigente Andrea Araújo garantiu que "vamos ter um verão com muitas lutas em todos os setores".
lEGISLAÇÃO EM MUDANÇA
"A luta dos trabalhadores não vai de férias. Este ano, não irá de certeza", reforçou, perante a inflação e o aumento do custo de vida, "sem valorização dos salários", e quando se discutem alterações à legislação laboral que "não resolvem os problemas de fundo".
Quanto aos pré-avisos de greve, que se farão acompanhar de protesto, Andrea Araújo destacou os transportes, a Saúde, a hotelaria e a recolha de resíduos. Além disso, ainda esta semana, a Federação Nacional dos Médicos ameaçou avançar com uma greve. Este mês fica marcado, por exemplo, pelos protestos da Transtejo, que iniciou um ciclo de greves, tal como a Soflusa, que garante as mesmas ligações.
As greves na CP - Comboios de Portugal também continuam, tendo anunciado perturbações em todos os serviços a nível nacional ao longo deste mês, com "atrasos e supressões de comboios". Os transportes são especialmente afetados.
rEGISTOS E RESÍDUOS
Para agosto, o Sindicato Nacional dos Registos anunciou uma greve, de dois dias por semana, mas há várias outras marcadas para dia 1, como da Braval (tratamento de resíduos), ou nos transportes urbanos de Coimbra, por uma semana.
Quando, num semestre, o número de pré-avisos registados pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) já se aproxima do total do ano passado, que foi de 872, os anúncios de paralisações continuam a chegar. E, se compararmos maio e junho deste ano aos períodos homólogos do ano passado, os números duplicam.
A contabilidade até ao mês passado aponta para 94 avisos prévios no setor empresarial do Estado e 538 fora, mais 55 serviços mínimos (despachos, processos enviados ao CES e acordos). Em junho, foram comunicados 180 e em maio 182. As principais áreas económicas são "atividades administrativas e serviços de apoio", com 22%, "atividades de informação e de comunicação, com 21%, seguindo-se, em terceiro lugar, "transportes e armazenagem", com uma fatia de 9%.
Concertação social
A dirigente junta ainda ao lote de greves "as ações de luta sem pré-aviso". Quanto a concentrações nacionais, voltam em setembro.
Sérgio Monte, secretário-geral adjunto da UGT, também explica não haver protestos nacionais, quando "está no início da negociação com o Governo sobre o acordo de competitividade, rendimentos e salários". E, este mês ainda, espera pela nova reunião da Concertação Social. Mas a UGT continua durante o verão a apoiar as greves. Recordou, por exemplo, que recebeu sexta-feira um plenário de oficiais de justiça. E apoiou greves nos CTT e na Saúde.