Faltam carteiros na Região Norte: "Cartas não chegam e sentimo-nos abandonados"
Sindicato denuncia falta de carteiros. CTT admite dificuldades na contratação. Em Ermesinde somam-se as queixas.
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As críticas ao serviço postal dos CTT são transversais a todo o território. Uma das causas atribuída é a falta de pessoal. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios diz que há um défice de "mais de 200 carteiros na Região Norte", num número que é "desmentido" pelos CTT. Ainda segundo o sindicato, só no Grande Porto faltarão 58. Em Ermesinde, Valongo, uma das zonas mais populosas da Área Metropolitana, o tema está a afligir os moradores e será levado à próxima Assembleia de Freguesia.
"As cartas não chegam a tempo e sentimo-nos abandonados", lamenta Mário Coelho, morador na Rua do Calvário, prometendo expor o "problema" no órgão autárquico. Luís Ângelo, também morador na vizinhança, relata a situação vivida pelo "sogro, que tinha de comparecer numa Junta Médica numa sexta-feira e a carta só chegou na terça-feira seguinte".
As pessoas reclamam sobre atrasos na correspondência para pagar as contas de serviços como água, luz e telecomunicações. A estes somam-se outros casos, como daquelas pessoas que dizem não ter recebido os avisos atempadamente e que vão às Finanças pedir uma segunda via, a fim de liquidarem o acerto no IRS de 2021 ou pagarem a segunda prestação do IMI.
Sindicato fala em "sangria"
José Sá, da direção nacional do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, fala numa "sangria" no número de funcionários. Diz que, com a privatização, a empresa "virou um negócio". Isenta os trabalhadores das falhas e culpa o sistema, apontando a "sobrecarga" como uma das justificações. "Há gente que se reformou e outros que simplesmente vão embora", adianta, completando que "o vencimento, fixado no salário mínimo de 705 euros, sujeito a descontos, não é o bastante para cativar".
Constrangimentos
Do lado dos CTT, quanto ao verão, são admitidos "constrangimentos na contratação de recursos humanos". É referido que "esta realidade tem condicionado a capacidade de executar o plano de substituições de férias em várias zonas, incluindo o Grande Porto".
É ressalvado que "apesar de não ter sido possível preencher as vagas previstas", os CTT têm dado "continuidade à prestação ininterrupta do serviço, designadamente assegurando a entrega de objetos mais prioritários, assim como correio registado em procedimentos judiciais", entre outros. Também é salientado que "têm sido ativados planos de contingência".
Estes argumentos não apagam a insatisfação. Ao rol de críticas, Maria Antunes, residente na Rua Nova da Fonte, junta a "estranheza" relativa ao facto de agora, no verão, por vezes "quem entrega a correspondência não ter farda, nem colete, dos CTT".
Grande Porto
Em detalhe, tendo em conta os centros de distribuição postal existentes, a entidade sindical aponta as necessidades na Área Metropolitana: Porto (mais 20 carteiros), Ermesinde (5), Gaia (5), Gondomar (5), Maia (15), Rio Tinto (4) e Santo Tirso (4).