Dos mais novos aos mais velhos, milhares de portugueses foram este domingo ao Palácio de Cristal votar antecipadamente nas eleições europeias, aproveitando o bom tempo para passear pelos jardins. Sem filas e com a máxima tranquilidade, é neste local que se concentram as 23 mesas do Porto.
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Um cartaz com um Qr code gigante indica, na porta um do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, a entrada paras as mesas de voto instaladas no interior da arena. À medida que vão chegando, os eleitores projetam o telemóvel no código para saberem a mesa destinada para votar. Os motivos indicados para o voto antecipado são vários, desde viagens ao estrangeiro ou a possibilidade de fugir à azáfama do próximo domingo. De acordo com números oficiais, até às 13 horas, votaram 3690 cidadãos neste local. Estão inscritos 10731 eleitores.
Secundino e Alda Loureiro, de 82 e 79 anos, foram dos primeiros eleitores a votar depois das 14.30 horas. “Foi rápido, nem encontramos ninguém à frente”, indicam. “Optámos pelo voto antecipado porque não há muita gente, já temos alguma dificuldade em estar de pé e por isso é mais fácil”, acrescentam. Ao JN, o casal esclarece que “está suficientemente elucidado”. “Ouvimos os debates e lemos algumas notícias. O voto tem sido sempre um bocadinho desprezado, mas desta vez as pessoas estão um bocadinho mais motivadas”. “O importante é que a guerra acabe e haja paz para termos uma Europa melhor”, desejam.
Votar e passear pelos jardins do Palácio
Já no meio do pavilhão, Pedro Ribeiro, 49 anos, espera com o filho Miguel, 10 anos, pela esposa. “É para se ir habituando”, atira. A família optou pelo voto antecipado uma vez que no próximo domingo vão aproveitar uns dias de descanso mais a Norte do país. “Já viemos nas legislativas e está tudo bem organizado. Agora vamos dar uma volta pelos jardins com as crianças para conheceram e aproveitamos o bom tempo”, explica. O portuense acredita que vai ser possível baixar a abstenção nestas eleições – nas últimas ficou perto dos 70% -, até porque aumenta a “a legitimidade dos eurodeputados que nos vão representar no Parlamento Europeu e mostra o interesse das pessoas na Europa”, refere.
Também Miguel Amorim, 49 anos, Diana Amorim, 51 anos, e a filha, Sofia, 18 anos, vão deslocar-se a Espanha para umas férias no próximo fim de semana. Por isso, de outra forma não “conseguiriam votar nestas eleições”. Para a filha do casal é a segunda vez que vai votar e a primeira nas eleições europeias. “Há um pedaço da minha geração que não presta muito atenção à política e há a outra parte que quer ver o nosso futuro bem dirigido por pessoas com as ideias no sítio”, nota.
Imigração e verbas europeias entre as prioridades
De passo apressado para sair do pavilhão, Tiago Miranda, 29 anos, justifica a inscrição no voto antecipado com um “casamento na próxima semana”.“Pareceu-me muito bem organizado, desde logo na entrada com a possibilidade de ver através do Qcode qual é a nossa mesa de voto. O espaço da sala é adequado, foi tudo rapidíssimo e estou muito satisfeito”, afirma. Para o jovem, as várias modalidades de voto que existem, nomeadamente o voto em mobilidade do próximo domingo, são positivas para reduzir o número da abstenção, mas não chegam. “Quem tem interesse em votar poderá fazê-lo. O problema da abstenção é mesmo as pessoas desligarem-se da vida política e pública. Não acho que o problema se vai resolver num curto espaço de tempo”, admite.
Questionado pelo JN, Tiago Miranda aponta as verbas europeias e a questão da imigração como os principais desafios para os próximos anos. “Somos um dos países mais beneficiados pelas verbas da União Europeia, por isso, Portugal, tem todo o interesse em manter-se na União Europeia”. “A nível europeu há claramente o problema da imigração para resolver nos próximos anos e temos que encontrar uma solução que agrade todos os países, com a humanidade suficiente para percebermos que devemos dar auxílio a quem precisa”, finaliza.
Mais de 252 mil eleitores portugueses votam este domingo nas eleições europeias, que vão eleger 21 eurodeputados do Parlamento Europeu. Os eleitores inscritos para votar antecipadamente que não conseguirem exercer esse direito, podem votar no dia 9 de junho.