Com o 13 de Maio a coincidir com o último dia útil da semana, são esperados milhares de peregrinos também no sábado e no domingo.
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Depois de dois anos de restrições, devido à pandemia, Fátima prepara-se para receber milhares de peregrinos. As autoridades admitem um fluxo semelhante ao de 2019, quando estiveram na Cova da Iria cerca de 250 mil pessoas no 13 de Maio. Este regresso das multidões traduz-se numa ocupação hoteleira perto dos 100% e contribuirá para reforçar as receitas do Santuário (maioritariamente donativos dos peregrinos e do alojamento), que nos últimos dois anos sofreram quebras abruptas. Dos 20,3 milhões de euros de proveitos registados em 2019, passou-se para 9,4 milhões, em 2020, e 14,9 milhões, no ano passado.
Este 13 de Maio marcará o retomar das peregrinações sem limitações, depois de dois anos de pandemia. Na memória de muitos estarão as celebrações de 2020, que ocorreram num recinto vazio de peregrinos. Apesar de não haver restrições, o Santuário mantém os circuitos de circulação, de forma a "evitar os aglomerados", e recomenda o uso de máscara em certos espaços como na capelinha das Aparições e no queimador de velas.
Hotelaria quase a 100%
Para a hotelaria, esta será uma peregrinação da "retoma", com a lotação praticamente esgotada, sobretudo devido ao movimento forte de portugueses, espanhóis, italianos, polacos e franceses. Os brasileiros estão também a retomar "em força". O problema são os mercados asiáticos, que representavam 10% das dormidas, e que permanecem a zero, e americano, ainda "cauteloso" por causa da guerra na Ucrânia.
"Não sei se chegaremos aos números de 2019, mas será seguramente uma grande peregrinação, que dará ânimo para a retoma", antevê a presidente a Associação Empresarial Ourém-Fátima (Aciso). Purificação Reis sublinha, contudo, que "o ano turístico não se faz de uma peregrinação" e que o aumento de preços é "uma dificuldade acrescida" para um setor que viveu dois anos "muitos difíceis" devido à pandemia. "Fátima perdeu capacidade instalada, porque houve unidades que não reabriram no pós-covid", nota a líder da Aciso.
Confiante que até ao dia 13 a lotação chegue aos 100%, Alexandre Marto, CEO do grupo Fátima Hotels, admite que o setor "está a normalizar", faltando a retoma do mercado asiático, "ainda completamente parado". Até terça-feira não existia qualquer grupo dessa região inscrito, quando em maio de 2019 houve 476 grupos asiáticos, num total de 15 102 peregrinos. "Paulatinamente os peregrinos estão a regressar. A expectativa é que isso possa acontecer tão breve quanto possível, mas sem previsões exatas", refere, por sua vez, o gabinete de comunicação do Santuário, frisando que a retoma dos estrangeiros faz-se "a um ritmo mais lento".
250 militares por dia
A GNR está a preparar um dispositivo idêntico ao de 2019, ano em estiveram em Fátima uma média de 250 militares por dia, incluindo patrulhamento a cavalos, elementos das unidades de intervenção e de investigação criminal e dois efetivos da Guarda Civil Espanhola. Ao JN, a porta-voz da GNR, major Mafalda Almeida, adianta que o dispositivo foi pensado para uma afluência de peregrinos semelhante a 2019 e que vai estar no terreno até domingo, dia 15, porque "espera-se que muitas pessoas se dirijam a Fátima após o dia 13, para aproveitar o fim de semana".
"Cautelas"
Sem a obrigatoriedade de máscara e ausência de restrições, o Santuário pede, no entanto, "cautelas" aos peregrinos devido à pandemia. Recomenda que preservem "algum distanciamento físico" e que usem máscara no interior da capelinha e no queimador de velas. Os circuitos de circulação e os dispensadores de gel mantêm-se.
Pormenores
Diplomata a presidir
Diplomata da Santa Sé, D. Edgar Peña Parra, arcebispo venezuelano, preside à peregrinação. Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, serviu como Núncio Apostólico no Paquistão e em Moçambique.
Apoio a caminhantes
Esta peregrinação marca o regresso do serviço de acolhimento a doentes e peregrinos a pé, mas com "prudência", como o uso da máscara no posto de socorros e no lava-pés.