Ainda há quatro pessoas hospitalizadas. Famílias queixam-se de falta de apoios e deixam a pergunta: onde andam os milhões da solidariedade?
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Patrícia Santos, 29 anos, transporta no rosto o olhar triste de quem perdeu o norte à vida. Há cinco meses que não dorme uma noite seguida. Há cinco meses que nem sequer tem tempo para sonhar, porque os sonhos, esses, esfumaram-se na devastação do fogo, no fatídico 17 de junho, o dia em que o "inferno" se abateu sobre Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos. O futuro desmoronou-se num telefonema, quando lhe deram a notícia de que o companheiro tinha sido apanhado pelas chamas e o seu estado era grave. Patrícia estava a um mês de ser mãe e aquela era a notícia que nunca pensou ouvir. Carlos Guerreiro, 43 anos, sofreu queimaduras em 85% do corpo e continua internado, sob prognóstico reservado, no Hospital de La Fé, em Valência, Espanha. É um dos quatro feridos do fogo de Pedrógão que permanecem hospitalizados, segundo os números oficiais. Outros seguiram para unidades de cuidados continuados ou para programas de recuperação ambulatórios e a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) perdeu-lhes o rasto.