Rosa Matos também lidera opções que incluem Pizarro, Lacerda Sales e Goes Pinheiro. Primeiro-ministro irritado com timing de Marta Temido.
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Fernando Araújo, presidente do S. João que foi secretário de Estado do ministro Adalberto Campos Fernandes, surge no topo das preferências para o lugar da demissionária Marta Temido, e partilha o pódio com Rosa Matos, que lidera o Centro Hospitalar de Lisboa Central. Mas o leque de possíveis sucessores inclui também Manuel Pizarro, eurodeputado e antigo secretário de Estado da Saúde com um perfil mais político; Lacerda Sales, secretário de Estado de Temido que seria uma opção de continuidade; e Luís Goes Pinheiro, que administra os Serviços Partilhados do Ministério.
Embora o chefe do Governo tenha vincado que só haverá substituição quando for "oportuna", já circulam vários nomes. E há quem explique o compasso de espera com uma possível remodelação. Mesmo após Costa ter novamente afastado uma remodelação alargada, na sequência da demissão de Temido, alguns socialistas acreditam que, desta vez, a crise política envolvendo um governante será aproveitada para remodelar um Executivo que tem estado debaixo de fogo. A última polémica envolveu Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas que Costa manteve no cargo, apesar do "erro grave" no caso do novo aeroporto.
Agora, segundo socialistas ouvidos pelo JN, Costa terá ficado irritado com o facto de Marta Temido o ter ultrapassado no anúncio da demissão. O primeiro-ministro assumiu não ter como recusar, "desta vez", um pedido que já tinha sido feito.
O timing também terá chateado Costa porque mergulhou o Governo numa nova crise política, a poucos dias de ser conhecido o pacote de apoios sociais que marca a rentrée. A aprovação está marcada para a reunião do Conselho de Ministros extraordinária de segunda-feira. Foram anunciados no debate sobre o estado da nação.
Críticas ao novo SNS
Apesar de criticar várias opções do Executivo na Saúde, Fernando Araújo é apontado como um nome consensual. Costa já disse não ter pressa em substituir a ministra, fazendo questão que fique até aprovar a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no dia 15. No entanto, admitiu antecipar a reunião do Conselho de Ministros.
É precisamente a nova direção do SNS que está no centro das atenções pois quem suceder a Temido terá de assumir este projeto. A ministra, a quem cabe nomear a equipa, tem-se recusado a revelar os nomes que escolheu. E as críticas de Fernando Araújo também abrangem este dossiê, com o ex-presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte a alertar para o risco de sobreposição com as administrações regionais. Mas o presidente da administração do Centro Hospitalar Universitário de S. João tem a seu favor a revolução operada nos hospitais do Norte e os bons indicadores do SNS na região.
Se Costa mantiver a Saúde nas mãos de uma ministra, a opção recairá em Rosa Valente de Matos, ex-secretária de Estado da Saúde em 2017 que já liderou a ARS de Lisboa e Vale do Tejo.