Figura nacional de 2022 - António Costa - Da prometida "maioria de diálogo" ao "habituem-se!"
Primeiro-ministro alcançou a desejada maioria absoluta e lembrou à Oposição que irá durar quatro anos. Lista de demissões continuou a crescer, com a saída de Pedro Nuno Santos.
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Foi, sem dúvida, o ano de António Costa, por ter conseguido a desejada maioria absoluta, a segunda do PS após a de José Sócrates, em 2005. Maioria absoluta não é poder absoluto, disse o primeiro-ministro após as eleições de janeiro. Porém 2022 termina com Costa a trocar a promessa de diálogo por um aviso à Oposição: "habituem-se" porque "vão ser quatro anos". O final do ano fica ainda marcado pela nova onda de demissões, incluindo a do ministro Pedro Nuno Santos, potencial candidato à sucessão no PS.
São já sete anos de Governo sob a liderança de Costa. O desgaste é inevitável e agrava-se a cada demissão que se junta à extensa lista.
Agora, foi a vez da secretária de Estado do Tesouro ser demitida, devido à rescisão do contrato com a TAP que lhe valeu 500 mil euros. Caso que arrastou o ministro das Infraestruturas e um secretário de Estado.
Mas Costa vai passando entre as balas, munido da maioria absoluta que conseguiu nas legislativas antecipadas, após o chumbo do Orçamento do Estado (OE) para 2022. Numa maioria que dispensa geringonças ou aproximações à Direita, quis dar provas de negociação no OE para 2023, sobretudo com o Livre e o PAN.
Cheio de sono e irritado
Após ter sido protagonista, com Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, de uma geringonça inovadora, o primeiro-ministro passa uma imagem contrária ao que prometeu. O diálogo deu lugar à "sobranceria" e à "arrogância" da maioria absoluta, critica a Oposição. Numa entrevista à "Visão", fez uma afirmação polémica: "Ainda não digeriram a fúria. Vão ser quatro anos, habituem-se". Se não sair a meio para cargos europeus, será quem ficará mais tempo, batendo os 10 anos de Cavaco. E até já admite novo mandato.
Outra expressão "infeliz", como admitiu, foi quando justificou o facto de não ter telefonado a Carlos Moedas após as cheias, dizendo que, quando teve a casa inundada, o autarca de Lisboa também não lhe ligou. "Estava cheio de sono e fiz um aparte irritado, peço desculpa", explicou depois.
Também na relação com Belém, 2022 não foi exceção, com Costa a reagir com ironia aos recados de Marcelo Rebelo de Sousa, a quem garante não estar cansado.
Além da difícil relação com Pedro Nuno Santos, que desautorizou no dossiê dos aeroportos, o terceiro Governo de Costa fica marcado pelas saídas da ministra Marta Temido e de Miguel Alves, secretário de Estado adjunto. E tivemos as polémicas contratações de Sérgio Figueiredo para consultor de Fernando Medina e do jovem que Mariana Vieira da Silva chamou para adjunto. Costa envolveu-se ainda numa luta mediática com o ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
A ILUSTRADORA
Olga Logvinova - Artista ucraniana
Olga é uma artista da Ucrânia, que, em março, fugiu da guerra. Trabalhava no teatro de Kharkiv em cenografia e adereços. Em Portugal, procura emprego e uma nova vida. Veja aqui outros trabalhos de Logvinova.