Filipe Farelo é o próximo presidente da Confederação Europeia de Ex-Alunos Jesuítas
Depois da desistência do único adversário que enfrentava, o antigo aluno do colégio S. João de Brito, em Lisboa, tem agora caminho aberto para a presidência da Confederação Europeia dos Ex-Alunos Jesuítas. As eleições estão agendadas para o próximo sábado, dia 24, em Viena, e o crescimento e a difusão da organização são os seus principais objetivos.
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Filipe Farelo, 49 anos, engenheiro e atual presidente da direção da associação de antigos alunos do colégio S. João de Brito vai ser o próximo presidente - e o primeiro português - do organismo que congrega ex-alunos de colégios e universidades jesuítas que vivem e trabalham na Europa.
À presidência da confederação para o mandato 2022-2024 (mais curto do que é habitual devido à pandemia) concorria também o maltês Stephen Gatt, atual vice-presidente da organização. Contudo, a retirada da sua candidatura abre caminho a que Filipe Farelo seja presidente, sendo que Stephen Gatt vai manter as funções de vice-presidente.
Para o português, os objetivos traçados são o crescimento da instituição em número de entidades participativas, mas também o reforço da "intervenção ativa na sociedade contribuindo para a construção de uma Europa mais humanista, social, justa e universal", face aos tempos desafiantes de guerra, pandemia, alterações climáticas e crise social, sublinha.
O engenheiro, cujo slogan de campanha escolhido é "More People for Others!", reconheceu ao JN que a Confederação Europeia de Ex-Alunos Jesuítas (CEEAJ) não tem a expressão desejada e não tem conseguido obter a participação de mais ex-alunos jovens. Lamenta ainda "não conseguir representar a totalidade dos antigos alunos dos 199 estabelecimentos de ensino não superior e dos 25 de ensino superior da Companhia de Jesus na Europa". Mas entende que, com a sua experiência profissional, vai poder contribuir para uma mudança de paradigma.
Aos 49 anos, fundou e geriu diversas empresas próprias na área da formação, consultoria de gestão, contabilidade e engenharia, experiência que, segundo Filipe Farelo, pode trazer à CEEAJ "um sentido de missão profundo, uma energia e ação mobilizadora que permita fazer ainda mais".
Candidatura com apoios
Confessa ainda que Portugal tem vindo a reforçar a sua imagem junto da organização, nomeadamente através do trabalho desenvolvido pela associação de antigos alunos do colégio S. João de Brito. Para Filipe Farelo, Portugal - que nunca havia assumido a presidência da CEEAJ - provou que "teria capacidade para assegurar a liderança deste organismo", enquanto se prepara para receber as Jornadas Mundiais da Juventude em 2023 e o encontro de jovens promovido pela Companhia de Jesus também marcado para o próximo ano (MAGIS 2023).
A candidatura do português, que é promovida pelo atual presidente (espanhol) e pelo secretário (suíço), recebeu já o apoio dos representantes de países como Espanha, Alemanha, Irlanda, Áustria, Portugal e Hungria e, para além destes, espera o apoio da Lituânia, França e do Reino Unido (contabilizando um total de 9 representantes dos atuais 15).
Filipe Farelo propõe também mudar o método de voto pelo qual ele mesmo vai ser eleito. De momento, cada Estado pode ser representado por uma associação (no caso dos Estados mais pequenos como Portugal) ou por uma federação (no caso dos Estados maiores que podem dispor de várias associações) o que, na prática equivale a um voto por Estado. A proposta do português destina-se a dar mais poder de voto aos Estados mais representativos (com mais associações), o que apesar de ser "desfavorável para Portugal e para os Estados mais pequenos, é da mais elementar justiça", entende.
Mais membros, mais eficácia
A CEEAJ, que apesar de ter sempre representação portuguesa nunca teve um cidadão português nas principais funções (Presidente, Secretário, Tesoureiro), opera através de diversas formas. Estas podem ser a organização de campanhas de fundraising, a constituição de grupos de trabalho para ações concretas no terreno e intervenção junto das vidas pessoais e profissionais dos antigos alunos, trazendo à comunidade os princípios e valores dos jesuítas, conforme explica o candidato português. No entanto, para que tal consiga ser concretizado, "é importante mobilizar os antigos alunos europeus de forma coordenada para aumentar a eficiência e a eficácia das ações", completa.
A Companhia de Jesus é uma ordem religiosa da igreja católica com representação em mais de 120 países e a CEEAJ reúne ex-alunos de colégios e universidades jesuítas que vivem e trabalham exclusivamente na Europa com a missão de promover a dinâmica universal da educação jesuíta.