Os hospitais que tratam o cancro do pulmão recebem um financiamento, por cada doente tratado, abaixo das necessidades reais, como expõe o projeto piloto desenvolvido no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.
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A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares alerta para a necessidade de rever o modelo de financiamento e propõe que uma das soluções passe pelo aumento do montante pago pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) às unidades. Sendo que teria um valor fixo de 1698 euros e um acréscimo variável até 340 euros.
"Há um grande subfinanciamento dos hospitais públicos e isto torna-se mais evidente quando se trata de doenças complexas e, mais ainda, quando há a necessidade de integrar a inovação", explicou, ao JN, o presidente do IPO do Porto, Júlio Oliveira.
O projeto Farol - Tratamento do Cancro do pulmão, implementado no instituto portuense no âmbito da iniciativa 3F-Financiamento, Fórmula para o Futuro, da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, demonstrou que o valor atribuído para tratar o cancro do pulmão fica aquém do necessário.
"Numa área onde a inovação tem tido um grande impacto na qualidade de vida, o financiamento tem sido pouco", salientou Júlio Oliveira.
Uma das soluções seria o aumento do valor pago pela ACSS aos hospitais. A proposta contempla a inclusão de incentivos por resultados obtidos, uma componente que seria variável. Ou seja, seria pago um valor fixo por doente de 1698 euros e um valor acrescido, variável, até 340 euros.
Financiar a qualidade
Os especialistas apontam o financiamento por capitação como a resposta para incentivar uma atuação focada na melhoria do estado geral da saúde de determinada população.
"O financiamento dá incentivos. Se pagamos para produzirem, os hospitais vão produzir. No entanto, se pagarmos para que tenham qualidade, vão organizar-se de outra forma", explicou Xavier Barreto. Segundo explicou o presidente dos administradores hospitalares ao JN, pagar por capitação significa olhar para uma população, perceber as suas características de saúde e, através disso, atribuir financiamento.
No entanto, seria necessário que os hospitais continuassem a receber incentivos específicos para a inovação e a investigação.
Júlio Oliveira
Presidente do IPO do Porto
Felizmente, hoje em dia, os doentes vivem mais tempo e com mais qualidade de vida, mas as terapias têm um custo muito mais elevado