Francisca Carneiro Fernandes: "Instituições culturais devem procurar servir toda a comunidade"
A administradora da Go Porto relembrou, esta terça-feira, a passagem pelo Centro Cultural de Belém (CCB) e assumiu ter encontrado resistência em Lisboa.
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Francisca Carneiro Fernandes defendeu ontem que as “instituições culturais devem procurar servir toda a comunidade”, para combater uma eventual “elitização da cultura”. A atual administradora da Go Porto, empresa municipal que gere o Mercado do Bolhão, no Porto, disse que enquanto gestora cultural tem tentado “ler a comunidade” onde está inserida, sem nunca esquecer “o estado do Mundo em que vivemos”.
Na 9.ª sessão das “Conversas de Café”, uma iniciativa do JN e da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, com o patrocínio da Torre dos Clérigos, Francisca Carneiro Fernandes relembrou os tempos que passou no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. A instituição, disse a gestora cultural, tem “um público muito fidelizado em música clássica”, mas há uma “oferta cultural que outro tipo de público poderá querer ver no CCB”. “Parte da comunidade não se sente refletida [na oferta cultural]”, referiu.
Francisca Carneiro Fernandes saiu do conselho de administração do CCB após ter sido exonerada pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, em novembro do ano passado. O caso gerou polémica, tendo até motivado uma audição parlamentar requerida por vários partidos políticos.
Com um percurso de 16 anos à frente do Teatro Nacional São João, no Porto, Francisca Carneiro Fernandes referiu ter encontrado “resistência” ao trabalhar em Lisboa enquanto gestora cultural vinda do Norte. A afirmação resultou de uma pergunta de um elemento da plateia que lhe pediu para comentar o centralismo na área da cultura.
Noção do impacto social
“Corremos o risco de que, no futuro, a comunidade questione porque se gasta dinheiro com a cultura, caso as instituições não se insiram no seu mundo”, isto é, na sua comunidade, disse a administradora da Go Porto. Para Francisca Carneiro Fernandes, assistir a um espetáculo de dança ou a uma peça de teatro é ver “o resto do mundo” e ter “consciência do impacto social”.
A próxima sessão das “Conversas de Café”, no Café Velasquez, no Porto, acontece a 3 de junho. A convidada é Maria José Miranda, presidente da União Distrital das IPSS do Porto.