Primeira iniciativa de "intervenção social" conta com a colaboração do Hospital de Santa Maria, no Porto, e está disponível para maiores de 65 e doentes de risco.
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A Fundação Portuguesa do Pulmão e o Hospital de Santa Maria - Porto associaram-se na campanha "Juntos contra a Pneumonia", uma "intervenção social" para alertar a população e o Governo para a importância da vacina anti-pneumocócica para todos os cidadãos com mais de 65 anos ou doentes de grupos de risco.
"A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou, em 2015, o público-alvo para a vacina, contudo o Estado só comparticipa cerca de 1/3 do valor da mesma e ainda não há decisão de a tornar gratuita para os grupos de risco", denunciou José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.
A iniciativa começa no Norte, mas não será única, assegurou, devendo "atingir âmbito nacional" o mais brevemente possível.
No Porto, os maiores de 65 anos e os doentes no grupo de risco para a pneumonia podem candidatar-se a uma das 100 vacinas que serão administradas gratuitamente no Hospital de Santa Maria inscrevendo-se através do número de telefone 225 082 000. Todos terão de apresentar receita médica (do médico do Centro de Saúde ou outro particular) e os doentes de risco deverão, ainda, apresentar uma declaração médica sobre a(s) patologia(s) de que padecem.
Segundo a norma 011/2015 da DGS, os doentes de risco para esta doença são os que sofrem de doença cardíaca crónica (insuficiência cardíaca, doença cardíaca isquémica, hipertensão pulmonar, cardiomiopatias), doença hepática crónica ou insuficiência renal crónica, doença respiratória crónica (insuficiência respiratória crónica, DPOC, enfisema, asma brônquica, bronquiectasias, doença intersticial pulmonar, fibrose quística, Pneumoconioses, doenças neuromusculares), em situação de pré-transplantação de órgão ou de doação de medula óssea, com fístulas de LCR, com implantes cocleares (candidatos e portadores), com Diabetes mellitus (com tratamento farmacológico) e imunocomprometidos (asplenia ou disfunção esplénica, imunodeficiência primária, infeção por VIH, doença neoplásica ativa, síndrome de Down, síndrome nefrótico).
A pneumonia foi a segunda causa de morte em Portugal em 2018, com mais de 5750 mortos, de acordo com o portal da mortalidade da DGS, mas é evitável pela vacinação. De acordo com o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, o pico da pneumonia sucede normalmente ao pico da gripe, outra doença grave para os mais velhos e mais vulneráveis, mas cuja vacinação já é gratuita. Com a pandemia de covid-19, torna-se "fundamental proteger os grupos de risco de desenvolver infeções respiratórias graves", aproveitando o facto de "existir vacina contra a pneumonia" (ainda que esta não seja a mesma pneumonia que os doentes de covid-19 desenvolvem).
"Vamos continuar a lembrar a necessidade da gratuitidade da vacina, que é relativamente barata comparada com os custos de hospitalização e de tratamento da doença nos grupos de risco, além da elevada mortalidade [23,5% por 100 mil habitantes]", assegurou José Alves.
Quem já tomou a vacina da gripe "pode e deve" tomar a da pneumonia, sendo apenas "recomendável assegurar um intervalo de uma a duas semanas entre ambas as vacinas".