No debate franco de ideias, não deve haver temas proibidos. Todos sabemos, no entanto, que há assuntos quentes que emocionam tanto que podem tirar lucidez à razão. Talvez seja essa a razão que leva muitas pessoas a dizer que futebol, política e religião não se discutem.
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O Brasil é um dos candidatos a vencer o Mundial de Futebol que se vai realizar na África do Sul. Não sei se alguma selecção conta tantos jogadores religiosos como a do Brasil. Kaká e Luís Fabiano, por exemplo, pedem, fervorosamente, as bênçãos de Estevam Hernandes, fundador da Igreja Apostólica Renascer em Cristo.
Já todos sabemos que Kaká é um religioso com muito fervor que costuma usar uma camisa com a inscrição "I belong to Jesus" (Eu pertenço a Jesus). Está ligado à Igreja Renascer, na qual casou e para a qual fez doações em dinheiro, além de ser amigo de Estevam Hernandes. O jogador entregou à Igreja o troféu de melhor jogador do Mundo em 2007 e já admitiu que pretende tornar-se pastor quando terminar a sua carreira nos estádios.
Advirta-se que o futebol não precisa de jogadores crentes para ser uma religião. Os adeptos fanáticos, que fazem dos estádios uma catedral, pedindo ao desporto pão e circo para fazer da vida uma alienação, encarregam-se de fazer o culto da bola.
Não é só a religião que dá cor ao desporto. Também a política - outro tema tabu - se serve do futebol para levar a água ao seu moinho.
E ainda dizem que futebol, política e religião não se discutem!
Se todos guardássemos segredo, de que falaríamos?
Juntemos a razão à emoção e oxalá a Selecção Portuguesa, como desejamos, não nos desiluda!