Mais de metade dos novos infetados com covid-19 em Portugal tem entre 20 e 49 anos, o que é "protetor em relação à mortalidade". Gaia e Guimarães são atualmente os concelhos com maior incidência de infeções por 100 mil habitantes.
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Guimarães e Vila Nova de Gaia fazem agora parte dos concelhos com uma taxa de incidência "superior à do resto do país", disse a diretora-geral da Saúde, na conferência de imprensa desta segunda-feira sobre a situação epidemiológica em Portugal, num dia em que o país registou mais 613 casos e quatro mortes por covid-19. "Em relação às áreas críticas, a maior parte dos concelhos continua localizada na região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que também Guimarães e Vila Nova de Gaia são neste momento concelhos com maior incidência por 100 mil habitantes", referiu Graça Freitas.
Mais de 50% dos novos infetados têm entre 20 e 49 anos
Portugal está perante uma "nova fase da pandemia". Mais de 51% das infeções registadas nas últimas 24 horas ocorreram em pessoas com idade entre os 20 e os 49 anos, indicou António Lacerda Sales. Por outro lado, apenas 10% dos 613 novos casos têm idade superior a 70 anos.
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Se por um lado, as percentagens são uma "boa notícia" por mostrarem que a saúde do grupo etário mais vulnerável tem sido preservada", obrigam também a uma "reflexão coletiva sobre comportamentos individuais", alertou o governante, lembrando que, numa altura de regresso de férias e arranque do ano letivo, "não podemos vacilar neste caminho de contenção, que é o único de que dispomos". O Serviço Nacional de Saúde tem de continuar "a dar resposta a esta doença e a todas as outras", acrescentou Lacerda Sales, assegurando que, para já, não há pressão sobre o sistema de saúde - há 21.500 camas e 400 internamentos.
"Este padrão a que estamos a assistir, onde os novos casos aparecem sobretudo em pessoas jovens e adultos em idade ativa é protetor em relação à mortalidade", completou Graça Freitas, estabelecendo também uma diferença relativamente à primeira fase epidémica, em que a letalidade foi superior.
Sobre os contactos de pessoas infetadas, a diretora-geral da Saúde esclareceu que há dois tipos: os de risco, que são os que estiveram a menos de dois metros durante mais de 15 minutos, e os de baixo risco, que são os que partilharam o mesmo espaço com infetados mas sem contacto direto com estes. "O ideal é que o teste seja feito em 48 horas".
A taxa de letalidade global é de 2,9%. Em doentes com mais de 70 anos é de 14,5%.
Sexta maior testagem da UE
O Secretário de Estado assinalou os esforços que Portugal tem feito no sentido de expandir a capacidade laboratorial de testagem, havendo agora 102 laboratórios a realizar testes de despiste à covid-19. Na mesma linha, sexta-feira foi o dia em que foi realizado o maior número de testes (21.700) desde o início da pandemia. Portugal regista um rácio de 222.527 testes por milhão de habitantes - "o sexto maior entre países da UE".
Estádios sem público à vista e Fátima preocupada
"As autoridades de saúde não abdicam nem podem abdicar de usar todos os meios legais e de saúde pública para evitar a propagação do vírus", disse Lacerda Sales, confrontado sobre um eventual regresso de público ao futebol, garantindo, no entanto, que o Governo está empenhado em permitir que todas as modalidades desportivas regressem à normalidade. "Quando o país passa para o estado de contingência, o futebol, ou qualquer outra atividade, não pode dar sinais contrários", ressalvou, acrescentando que "o futebol deverá querer manter a imagem que deixou no final da época passada" e "não quererá certamente avaliar regras científicas da saúde pública", da mesma forma que as autoridades de saúde não avaliam assuntos futebolísticos.
Sobre o aglomerado de pessoas registado no Santuário de Fátima no domingo, o responsável admitiu que "a instituição não estaria à espera de ter tanta gente" (por não ser comum num 13 de setembro), tendo bloqueado as entradas quando se apercebeu. "Importante é que, a 13 de outubro, a instituição esteja devidamente prevenida e preparada para garantir a segurança da comunidade e respeitar as regras da DGS", acrescentou, adiantando que já chegou um pedido de reunião com o ministério da Saúde por parte da Igreja do Santuário de Fátima, o que "revela preocupação".
Cumprimentar com cotovelos? Por ser rápido e lateral, não constituirá um risco. "Um contacto de alto risco implica contacto mais prolongado e de face a face", explicou Graça Freitas.
Regras iguais para escolas públicas e colégios
Confrontada com o caso do Colégio St. Julian's, em Carcavelos, que mandou turmas para casa depois de terem sido detetados quatro casos positivos, Graça Freitas assegurou que as regras da DGS são generalizadas para o público e o privado e explicou que "há graus de liberdade que podem ser tomados desde que não ponham em causa a saúde pública". "Se tivesse sido ao contrário, se tivesse em causa a saúde pública, aí sim teria havido uma intervenção", disse.
"Difícil" de falar já em segunda vaga
Questionada pelos jornalistas sobre se Portugal está a vivenciar uma segunda vaga da epidemia, a diretora-geral da Saúde assumiu haver um aumento "notório" do número de casos, mas disse ser "difícil" responder à pergunta, uma vez que "esta é a primeira vez" que o país e o mundo estão a lidar com o vírus. "O que sabemos é que, avaliando a curva epidémica, estamos a experienciar um aumento da curva, mas só daqui a uns dias perceberemos se essa tendência se mantém e a que nível vai ficar."
Além de mais de 4700 profissionais contratados para os hospitais, foram abertos concursos para 511 vagas de especialidade, 39 para médicos de saúde pública que terminaram especialidade e 435 vagas de medicina geral e familiar que abriram em concurso de primeira época.