Norte terá mais três unidades locais de saúde e Lisboa e Vale do Tejo arranca com quatro. Modelo integrado abrangerá 25% da população.
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O modelo que junta hospitais e centros de saúde debaixo da mesma estrutura de gestão para melhorar a resposta aos utentes vai servir um quarto da população portuguesa. Dois meses depois do anúncio da criação de cinco novas unidades locais de saúde (ULS), a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) deu início aos trabalhos para a elaboração dos planos de negócios de sete novas ULS, das quais três no Norte e quatro em Lisboa e Vale do Tejo.
No Norte, região pioneira no modelo, vai avançar a ULS da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, a ULS do Médio Ave e a ULS de Braga. Na prática, os agrupamentos de centros de saúde (ACeS) daqueles concelhos passam a ter uma gestão integrada com os respetivos hospitais.
A região de Lisboa e Vale do Tejo estreia-se neste modelo com quatro projetos que cobrirão toda a península de Setúbal e a Lezíria. Assim, vai avançar a ULS da Arrábida, que integrará o ACeS da Arrábida com o Hospital de Setúbal; a ULS Almada-Seixal, que articulará aqueles centros de saúde com o Hospital Garcia de Orta; a ULS Lezíria que funcionará com o Hospital de Santarém; e a ULS Arco Ribeirinho que integrará o ACeS com o mesmo nome e o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, avançou ao JN Fátima Fonseca, membro da DE-SNS.
Dez semanas para entregar plano
Os nomes das futuras ULS ainda não são definitivos porque "serão propostos pelos grupos de trabalho", explicou a responsável. Estes grupos que integram gestores e profissionais dos cuidados primários e dos hospitais, têm dez semanas para apresentar os planos de negócios da respetiva ULS à DE-SNS, que acompanha semanalmente a evolução dos trabalhos.
Estes dossiês vão incluir "a análise dos impactos clínicos e financeiros desta forma de organização, assegurando os ganhos em saúde gerados pela integração de cuidados", explica a Direção Executiva.
O objetivo do modelo é aproximar os cuidados hospitalares dos cuidados de saúde primários, estabelecendo que estes últimos são a base do sistema. Para o utente, a grande vantagem é passar a ter respostas clínicas integradas, importantes na doença aguda, mas também na gestão do doente crónico.
Em Lisboa e Vale do Tejo, a região do país mais afetada pela falta de médicos de família, o modelo "não é uma varinha mágica", mas "poderá ser mais uma ferramenta para potenciar recursos e captar novos médicos", acredita Fátima Fonseca.
Reconhecendo as dificuldades da região - tem cerca de um milhão de utentes sem equipa de saúde familiar -, a responsável adiantou que as ULS têm autonomia financeira e vantagens ao nível da otimização dos processos, o que poderá facilitar as contratações. As reuniões têm mostrado que esta "é uma grande oportunidade para os cuidados primários", que estão "muito empenhados na mudança", disse Fátima Fonseca.
Entusiasmo partilhado por Anabela Ribeiro, presidente do conselho clínico do ACeS Almada/Seixal. Ali, o trabalho conjunto com o Hospital Garcia de Orta já tem tradição, mas há novos passos a dar. "Começámos este caminho com o hospital sem sermos ULS e acreditamos que este novo modelo vai ser facilitador do trabalho que temos feito", afirmou.
SABER MAIS
Cinco ULS em fase adiantada
No final do ano passado, a Direção Executiva do SNS anunciou o alargamento das ULS, um processo que estava parado há uma década. Foi então tornado público que iam avançar a ULS de Guimarães, a ULS da região de Aveiro; a ULS de Entre o Douro e Vouga, e a ULS da região de Leiria. Mais recentemente, avançou a ULS do Alentejo Central. Todas estão "em fase adiantada de elaboração dos planos de negócio", nota a DE-SNS.
Matosinhos deu primeiro passo
A primeira ULS a nascer foi a de Matosinhos em 1999 e oito anos mais tarde foi criada a do Norte Alentejano. Em 2008, seguiram-se as ULS da Guarda, do Baixo Alentejo e do Alto Minho. Em 2010, foi criada a ULS de Castelo Branco, em 2011 a do Nordeste e, em 2012, a do Litoral Alentejano.
20 ULS vão servir 25% da população
Atualmente, as ULS prestam cuidados a uma população superior a um milhão de habitantes (cerca de 10% da população). Com as novas unidades, o país somará 20 ULS que vão responder a 25% dos portugueses.