Corrigir o impasse da falta de revisão da carreira e dar mais visibilidade à profissão de administrador hospitalar, que vai muito além dos lugares de topo nos conselhos de administração dos hospitais, são as prioridades dos dois candidatos à liderança da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que vai a votos terça-feira.
Corpo do artigo
Criada em 1980, a carreira de administrador hospitalar nunca foi revista, prejudicando a progressão destes profissionais que fizeram formação específica para gerir serviços e departamentos intermédios nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
Xavier Barreto é o candidato da continuidade, mas com "vontade de renovar". Administrador hospitalar do Centro Hospitalar de S. João (diretor do Centro de Ambulatório), foi o braço direito do atual líder, nos últimos três anos, e conta com o apoio de Alexandre Lourenço. Xavier Barreto entende que a APAH deve continuar a "discutir problemas e a apresentar soluções, como têm feito" e aponta a revisão da carreira como primeira prioridade.
"Temos colegas na Função Pública sem progressões há mais de 20 anos", assegura. Por outro lado, nota, há colegas a exercer funções de gestão hospitalar (diretores de departamentos ou de centros de responsabilidade) sem contrato de administrador hospitalar. As avaliações, previstas na carreira, também só avançaram para quem tem contrato de trabalho em funções públicas e nem todos progrediram, afirma. "Não podemos continuar a clamar por uma boa gestão na saúde e não criar condições para ter administradores hospitalares", realça Xavier Barreto, depositando "expectativa" na abertura mostrada recentemente pela tutela para reabrir o processo de revisão da carreira.
Diana Breda, candidata da lista B, quer mais mudanças do que continuidade. "A APAH tem 40 anos e há 40 anos que aguardamos pelo reconhecimento da nossa profissão", diz, considerando que a atual direção ficou aquém das expectativas nesta questão.
Cargo e autonomia
O lugar ocupado por Diana Breda, presidente do Conselho de Administração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, é outro ponto de discórdia. Xavier Barreto defende que o cargo de líder da APAH não é compatível com um cargo de nomeação política, como é o caso dos órgãos de administração dos hospitais, porque limita a autonomia.
Em final de mandato, Diana Breda considera tratar-se de um "falso argumento". "O papel que desempenho no hospital não me impede de negociar e defender os meus colegas e a minha carreira", diz, lembrando que, terminado o mandato, voltará à gestão intermédia.
700 sócios vão a votos
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) foi criada em 1981 e tem cerca de 700 associados. As eleições para o triénio 2022- 2025 decorrem terça-feira, entre as 14 e as 18 horas, com voto presencial no Porto, Coimbra e Lisboa, ou por correspondência até 24 horas antes do início do ato eleitoral.
Aposta na formação
A formação dos administradores hospitalares é outra área em que os candidatos querem apostar. A lista de Diana Breda propõe eventos formativos presenciais e em formato e-learning com custos reduzidos. A lista de Xavier Barreto quer lançar um programa de formação nas áreas da saúde digital, ciência de dados e inteligência artificial, entre outras.