O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu este sábado "uma responsabilização" na sequência do acidente mortal com o elevador da Glória, mas recusou uma "caça às bruxas".
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"Eu acho que devemos assumir as responsabilidades no final do inquérito, mas o inquérito não se pode prolongar eternamente e nós não nos podemos esquecer depois de assumir essas responsabilidades, sejam elas quais forem. Até pode haver responsabilidades criminais, responsabilidades que tenham a ver com negligência, responsabilidades eventualmente políticas, em termos da gestão política, do que eram as prioridades dentro do que era a Carris", afirmou.
O almirante na reserva falava aos jornalistas em Peniche (distrito de Leiria), antes de uma intervenção da iniciativa Campus da Liberdade 2025, organizada pelo Instituto +Liberdade.
O candidato às eleições presidenciais do início do próximo ano considerou que não se pode "fazer já uma caça às bruxas".
"Isso é perigoso, principalmente num momento político em que vão haver eleições a curto prazo, não devemos usar isso para fazer a caça às bruxas", sustentou.
Henrique Gouveia e Melo pediu também que este caso não seja esquecido e seja investigado a fundo.
"O que aconteceu foi totalmente anómalo e nós temos que descobrir porquê e temos que ir ao fundo da questão. E não é começar já a caça às bruxas sem sequer sabermos exatamente o que aconteceu. Agora, não podemos é demorar anos ou muitos meses, porque as investigações têm que ser verdadeiramente isentas, mas rápidas também", referiu.
O candidato a Belém considerou que Portugal é "um país de improviso" e que falha "muitas vezes por falta de planeamento, por falta de cuidado e, de alguma forma, de irresponsabilidade".
"Precisamos ter um sistema que se responsabilize mais, e o sistema começa pelo sistema político. Agora, fazer uma ligação direta num acidente à demissão de um ator político é uma coisa que não faço e não quero ir por esse caminho. No entanto, deve haver uma responsabilização dos atores".
O candidato afirmou que "houve coisas que falharam claramente" e considerou que é necessário apurar o que aconteceu em concreto.
"É isso que nós temos que verdadeiramente procurar e não nos precipitarmos agora. Podemos ser injustos a tentar encontrar um culpado e forçar uma solução que depois podemos arrepender-nos, e não ser a solução que verdadeiramente é a solução de um problema que ainda não conseguimos identificar", sustentou.
O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 23 feridos.
O Governo decretou um dia de luto nacional, nesta quinta-feira. Já a Câmara de Lisboa decretou três dias de luto municipal, entre quinta-feira e sábado.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.