O Governo afastou esta quinta-feira Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade responsável pela linha SNS24. O substituto será o antigo secretário de Estado Luís Goes Pinheiro.
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O Ministério da Saúde disse à agência Lusa que "o Conselho de Administração da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde terminou o mandato a 31 de dezembro de 2019" e, "tal como em outras entidades, o processo de nomeação de novo órgão de gestão decorreu desde então". Face ao afastamento, os ministérios das Finanças e da Saúde nomearam o novo conselho de administração, constituído pelo ex-secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa, Luís Goes Pinheiro (presidente), Sandra Cavaca e Domingos Pereira (vogais).
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Henrique Martins, que sai juntamente com os vogais Artur Mimoso e João Martins, disse não compreender a decisão, uma vez que a entidade estava a cumprir os objetivos estabelecidos por contrato e já tinha manifestado disponibilidade para continuar no cargo. "O mandato acabou a 31 de dezembro, mas eu entendo que a entidade está a trabalhar, está a funcionar, e foi um pouco de repente esta informação", disse Henrique Martins, à Lusa, negando que a não recondução no cargo se tenha devido aos constrangimentos da Linha SNS 24 relacionados com o surto pelo novo coronavírus.
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"O contrato que nós temos com o operador, que é a Altice, tem um limite máximo que são as 10 mil chamadas e isso foi atingido. Portanto, nós gerimos bem o contrato. O que acontece é que temos um excesso de chamadas causado por esta situação, que é uma situação completamente atípica", sublinhou.
O conselho de administração também pediu ao Ministério da Saúde que "atuasse em relação à disponibilização de enfermeiros e horários extra, logo na terça-feira, para resposta a esta situação, mas isso não foi feito". "Por isso, não pode ter sido por essa razão que quanto muito estaria do lado deles e não do nosso", vincou Henrique Martins.
O até agora responsável afirmou que gostaria de continuar no cargo, contando que apresentou essa disponibilidade à secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila madeira, no final de novembro. "Fiz isto para garantir que era feito uma nomeação com tranquilidade, com calma, já antevendo um bocadinho que íamos ter um inverno difícil e voltei a insistir", disse, referindo que pediu uma audiência com ministra da Saúde, Marta Temido, em meados de janeiro, que não lhe foi dada, para mostrar disponibilidade para mais um mandato.
A comissão de serviço tinha terminado no passado dia 31 de dezembro, mas Henrique Martins continuou em funções até agora. O presidente do Conselho de Administração dos SPMS, cargo que ocupava desde abril de 2013, disse que poderia continuar a exercer a função, uma vez que o limite são três mandatos, cada um de três anos. Henrique Martins afirmou ainda que não lhe foi dada qualquer justificação para a decisão.
Linha SNS24 deixa cair um quarto das chamadas
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O pico de chamadas para a linha de saúde de apoio aos cidadãos foi atingido na segunda-feira, dia em que se confirmaram os primeiros casos de Covid-19 em Portugal. Médicos também desesperam à espera.
Em 13.532 chamadas registadas na linha telefónica do SNS24 - Serviço Nacional de Saúde, que funciona 24 horas por dia, 3569 não foram atendidas por incapacidade dos operacionais de serviço, que são enfermeiros.
A notícia é revelada pelo jornal "Público". Ou seja, cerca de um quarto do total de chamadas ficou por atender, uma vez que os utentes desistiram antes de serem atendidos.