Linha SNS24 deixa cair um quarto das chamadas por não ter capacidade de atendimento
Pico de chamadas para a linha de saúde de apoio aos cidadãos foi atingido na segunda-feira, dia em que se confirmaram os primeiros casos de Covid-19 em Portugal. Médicos também desesperam à espera.
Corpo do artigo
Em 13.532 chamadas registadas na linha telefónica do SNS24 - Serviço Nacional de Saúde, que funciona 24 horas por dia, 3569 não foram atendidas por incapacidade dos operacionais de serviço, que são enfermeiros.
11879579
A notícia é revelada pelo jornal "Público". Ou seja, cerca de um quarto do total de chamadas ficou por atender, uma vez que os utentes desistiram antes de serem atendidos.
Este cenário, que denuncia uma desistência após os primeiros 15 segundos de toque de chamada, foi efetivo no passado dia 2 de março, segunda-feira, quando no nosso país foram declarados os primeiros dois casos positivos de cidadãos infetados com o Covid-19.
11889250
A empresa de Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, que gere a Linha do SNS24, admite alguma incapacidade no atendimento, mas diz ser mais baixa. Em média, o serviço consegue atender 90% das chamadas em menos de 20 segundos de toque de espera. Mas o serviço reconhece haver chamadas que poderão demorar mais tempo a ser atendidas, justamente nos picos da procura de informação.
Número de chamadas está no dobro
O número médio de chamadas caiu ligeiramente ao segundo dia desta semana, na terça-feira, 3 de março, que registou ainda assim 10500 chamadas telefónicas para a linha SNS24.
O número é mais ou menos o dobro do das chamadas registadas antes dos picos de procura alavancados pela epidemia do coronavírus. Nessa terça-feira ainda terão ficado por atender quase mil chamadas dos utentes, concretamente 964 cidadãos ficaram por esclarecer por falta de atendimento.
Entretanto, o Ministério da Saúde já fez saber que houve um reforço no número de enfermeiros disponível neste call centre de esclarecimento à população.
Médicos também esperam
Também a LAM - Linha de Apoio ao Médico, criada há poucas semanas para validação de eventuais casos positivos, está a apresentar problemas na rapidez e capacidade de atendimento, denuncia o Sindicato Independente dos Médicos.
11861263
Alegadamente, há profissionais de saúde que aguardam várias horas ao telefone para serem atendidos, sem sucesso, há outros que insistem dezenas de vezes, sem retorno. O Sindicato diz estar a colecionar emails de médicos desesperados com o silêncio que encontram do outro lado da Linha de Apoio ao Médico.
Citado pelo "Público", um responsável numa Unidade de Saúde Familiar do Porto diz ter esperado mais de 24 horas por um contacto relacionado com dois casos suspeitos detetados no Norte.