Ministra da Coesão Territorial reuniu-se com Immunethep, que prevê ter o fármaco pronto a distribuir já no primeiro semestre de 2022.
Corpo do artigo
O Governo está disponível para apoiar o desenvolvimento da vacina portuguesa contra a covid-19 e a construção de uma unidade de produção. Esta seria a primeira fábrica de vacinas portuguesas, sendo que já existe outra unidade industrial projetada para Paredes de Coura, resultado de um investimento do grupo farmacêutico espanhol Zendal para produzir a vacina Novavax.
A empresa portuguesa Immunethep, sediada no parque Biocant, em Cantanhede, está agora a concluir os ensaios pré-clínicos (em ratinhos) e deverá, em breve, avançar para a fase de ensaios clínicos, necessitando, para isso, de um investimento de 20 milhões. Prevê-se que a vacina esteja pronta para distribuição no final do primeiro semestre de 2022.
A empresa pretende, também, construir uma unidade industrial de produção de vacinas, que criará três centenas de empregos qualificados. Prevê-se que o investimento global ascenda aos 80 milhões de euros.
A Câmara de Cantanhede já se comprometeu a ceder "terreno ou instalações junto ao Biocant", para permitir a expansão das instalações e assegurar "as condições necessárias para ser criada uma unidade de produção de vacinas".
Ministra "entusiasmada"
Esta segunda-feira, à saída de uma reunião com a Immunethep, no Biocant, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, mostrou-se "entusiasmada" com o projeto e com os "passos importantes" que a empresa já deu para desenvolver a vacina, considerando o prazo de 2022 "realista".
O Governo irá analisar "um conjunto de informação técnica" para confirmar a fiabilidade do projeto e terão lugar mais reuniões com outros ministérios, vincou, mas a intenção é apoiar a candidatura da empresa a fundos comunitários, tanto para a fase de ensaios como para a construção da unidade de produção. "Os fundos comunitários que temos à nossa disposição, seja através dos programas operacionais regionais ou nacionais, existem para apoiar este tipo de projetos", disse.
A vacina portuguesa, destacou ainda, "tem grandes vantagens e potencialidade de ser vendida noutros países", pois é de fácil administração (por inalação) e distribuição (dispensa temperaturas negativas).
Bruno Santos, da Immunethep, mostrou-se satisfeito com o "importante sinal de apoio", considerando que ajudará a alavancar outros apoios privados de que necessitam. "Já temos alguns contactos de privados interessados", adiantou. Em causa estão empresas "estrangeiras", mas a possibilidade de privados portugueses se juntarem não é excluída.
Inalação
A vacina portuguesa será ministrada por inalação. Foi concebida para ter uma dupla ação: induzir a produção de anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV-2 e aumentar a capacidade humana para combater infeções virais.
Superbactérias
A Immunethep avançou para a criação de uma vacina contra a covid-19 em abril último. Antes, a biotecnológica dedicava-se ao desenvolvimento de vacinas contra as infeções por superbactérias (resistentes aos antibióticos).