Governo autoriza testes à covid sem receita mas não se sabe quando ou a que preço
A portaria que permite a venda de testes rápidos de antigénio (TRAg) em farmácias sem receita médica entrou hoje em vigor, mas os estabelecimentos ainda não sabem que testes vão poder vender.
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Até sexta-feira será publicada a circular que irá regular a medida. As farmácias saudaram a decisão do Governo, mas alertam ser crucial aprovar uma metodologia de reporte dos resultados, bem como a definição de um teto máximo quanto ao preço de modo a assegurar um acesso equitativo.
"Se vamos desconfinar temos de o fazer com segurança e, como a vacinação ainda está num nível incipiente, a testagem pode ser a maneira mais eficaz de, periodicamente, se avaliar focos de infeção. No entanto, estamos expectantes e receosos", assume ao JN a presidente da Associação de Farmácias de Portugal.
Para Manuela Pacheco é crucial garantir-se a monitorização ou rastreamento dos resultados dos testes que poderão ser feitos em casa. "Os dados não se podem perder", insiste, considerando que o Governo devia tabelar um preço máximo ou comparticipar estes testes. O JN questionou a tutela sobre esta questão, mas não obteve resposta.
"Sendo a intenção que o procedimento se repita periodicamente, o custo pode não ser compatível para todas as famílias e isso levanta um problema de falta de equidade", alertou a farmacêutica.
O grupo Holon, que detém mais de 200 farmácias, saúda o facto de a portaria isentar estes testes de receita médica, "permitindo-nos assim poder recomendar ao utente este autoteste e facilitar às pessoas que suspeitem de infeção uma despistagem rápida". Mas, ao JN, insistiu que deve haver "uma metodologia de reporte dos casos detetados por esta via".
NÃO PODEM SUBSTITUIR PCR
Duarte Santos, da direção da Associação Nacional de Farmácias, também saudou a medida, garantindo que serão seguidas as indicações definidas.
O diploma dá à Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), Direção-Geral de Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) um prazo de cinco dias úteis para publicar a circular que irá definir a operacionalização da medida.
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que a medida vai contribuir para massificar o acesso à testagem, mas não pode substituir os testes PCR. "É evidente que a ideia não é que estes testes passem a substituir os outros", insiste Ricardo Mexia, assegurando a fiabilidade destes procedimentos.