Pedro Nuno Santos criticou, esta terça-feira, as novas tabelas de retenção do IRS, ao considerar que a medida demonstra a preocupação do Governo atual com o curto prazo em vez de resolver os problemas do país. O secretário-geral do PS atribui aos socialistas o alívio fiscal que se irá verificar a partir de 2025.
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"É mais um momento que demonstra que nós temos um Governo preocupado com o curto prazo e não com uma transformação estrutural do país", lançou Pedro Nuno Santos, questionado sobre as novas tabelas de IRS. O líder socialista começou por observar que a redução do imposto que os contribuintes vão sentir a partir de 2025 é da responsabilidade do PS. Isto porque, justificou, o Executivo socialista aprovou 1200 milhões de euros em despesas antes da sua saída e a redução adicional, já aprovada nesta legislatura, foi proposta pelo partido. "Nós precisamos de pensar o futuro, e não no dia de amanhã e de umas eventuais eleições", advertiu, criticando que o Executivo de Luís Montenegro aja de forma contrária.
O líder socialista falava aos jornalistas durante uma visita à Feira Agrival de Penafiel. Pedro Nuno Santos recordou os alertas dos fiscalistas relativamente à menor retenção na fonte (isto é, sobre os salários) já este ano, que acreditam "ter ido longe demais". Em causa o facto de os contribuintes nestes últimos meses do ano descontarem menos e, no momento da liquidação do IRS em 2025, correrem o risco de pagar às Finanças em vez de serem reembolsados. Ou seja, as alterações nas tabelas podem levar a quem recebia o reembolso a ter despesa.
Recorde-se que as novas tabelas de retenção do IRS, que vão vigorar a partir de 1 de setembro, reduzem o importo mensal pago por cada contribuinte. O alívio fiscal será maior nos meses de setembro e outubro. Os trabalhadores com salários até 1175 euros estão isentos de descontos nesses dois meses. Também será sentido em novembro e dezembro, embora com menor expressão.
Nega estar a negociar Orçamento
O líder socialista rejeitou ainda a existência de um acordo com o Governo para a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2025 , tal como foi sugerido na segunda-feira pelo líder do Chega. "Não existe. As negociações não estão a decorrer, isso que fique claro", afirmou, acusando o Executivo de Montenegro de "estar muito mais preocupado em usar a boa situação orçamental" herdada do PS para fazer campanha, "do que procurar negociar de forma ativa, séria e responsável com os partidos" para assegurar a viabilidade do OE. Perante a situação, acusou o Governo parecer querer ir a eleições "o mais depressa possível".
Neste momento, o partido não tem nenhuma reunião marcada com o primeiro-ministro. "O Governo não parece preocupado com a negociação de um orçamento que tem de ser entregue a pouco mais de um mês", lançou. Pedro Nuno Santos recusou ainda a ideia de que o partido se sente pressionado a viabilizar a proposta do Executivo. "As medidas mais impactantes deste Governo para o próximo orçamento, nomeadamente de âmbito fiscal, têm o apoio, pelo menos parcial, do Chega e da Iniciativa Liberal, e a oposição frontal do Partido Socialista", resumiu.