O Governo português pondera criar um "certificado médico de recuperação", no quadro da União Europeia, para permitir que os mais de 665 mil recuperados da covid-19 em Portugal possam viajar de avião, sem terem de apresentar um teste negativo.
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A medida é uma das soluções em cima da mesa da UE, revelou na segunda-feira o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton.
Atualmente, para viajar para alguns destinos, é preciso apresentar teste negativo no embarque e no regresso a casa, mas muitos infetados continuam a dar positivo após a alta. As regras em vigor - dar um caso como recuperado ao fim de 10 dias, desde que não tenha sintomas nos últimos três - não servem para viajar.
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Ao JN, fonte oficial do Ministério da Economia esclareceu que "o Conselho da UE já aprovou o quadro comum para a utilização massiva de testes rápidos de despistagem de covid-19 e para o reconhecimento dos resultados dos testes PCR e de antigénio em toda a UE". E trabalha "agora no sentido de avançar com o reconhecimento e certificação técnica da vacinação, bem como num possível certificado médico de recuperação", que ateste a imunidade.
O gabinete do ministro da Economia considera que numa fase em que a vacinação ainda está concentrada em grupos prioritários, é "prematuro discutir a criação dos chamados passaportes de vacinação" que alguns países estão a gerar.
Positivo durante meses
Jonas, um dos passageiros retidos em Portugal devido à suspensão de voos com o Brasil, receia que um eventual teste positivo o volte a impedir de regressar a casa. "Perdi o voo de regresso ao Brasil porque o meu teste deu positivo. Agora, estou recuperado e os voos foram suspensos. Mas estou com medo que o meu teste dê positivo durante meses e não consiga viajar", relatou.
A verdade é que não há resposta oficial para este mais de meio milhão de pessoas que continuam numa espécie de confinamento devido à doença que já venceram.
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Enquanto as autoridades europeias debatem a ética e os direitos que poderão ditar um modelo único de passaporte covid-free, países como Israel, Grécia e Chipre já preparam documentos que permitem viajar entre os seus territórios. A Emirates vai ser a primeira companhia aérea a testar o passe de viagem concebido pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Muito dependentes do turismo, Espanha e Itália já se manifestaram a favor do referido passaporte. Suécia e Dinamarca avançaram para a criação de certificados de vacinação digitais que podem ser utilizados para acesso a eventos desportivos e culturais ou a restaurantes. A Islândia já emite certificados do género desde janeiro.
A Organização Mundial de Saúde tem apresentado reservas quanto à ideia, considerando que pode criar uma falsa sensação de segurança e levar os portadores a não respeitar medidas de prevenção.
Ter certificado ou fazer teste para entrar num avião
"Quando se entrar num avião, ou se faz um teste rápido ou se mostra um certificado de imunidade", disse Thierry Breton, na TV BFM, observando que as companhias aéreas também procuram soluções. O comissário francês, que chefia um grupo de trabalho sobre a produção de vacinas, explicou que o setor tem enfrentado problemas.