Conselho de Ministros decidirá abrir ATL após contestação dos pais, mas só até aos 12 anos.
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Pressionado pelos números de novos casos de covid-19, pela situação crítica dos hospitais, e sobretudo pelo relaxamento dos portugueses durante o primeiro fim de semana das novas restrições, o Governo vai reunir-se, esta segunda-feira, em Conselho de Ministros extraordinário para aprovar novas medidas. A proibição de venda de bebidas ao postigo nos cafés, a abertura dos ATL até aos 12 anos, o reforço do policiamento nas ruas e a interdição de espaços públicos, como marginais e passadiços, estarão em cima da mesa. O encerramento de ATL e de centros de estudo gerou enorme contestação, com os pais desesperados por não terem onde deixar as crianças após as aulas, sobretudo a partir do 2.o Ciclo, onde o Estado não garante a escola a tempo inteiro.
O JN apurou que, na reunião de emergência convocada por António Costa para esta segunda-feira, não deverá ser tomada nenhuma medida no sentido de encerrar para já as escolas, mas não está excluído o cenário de criar um regime de exceção para os alunos do Secundário.
Está a ser estudada a possibilidade de ser adotado um regime misto. Ou seja: algumas aulas presenciais e outras à distância, caso não abrande a escalada de infeções. "Se os números não baixarem e os comportamentos não mudarem dentro de 15 dias, pode fechar tudo", admitiu uma das fontes ouvida pelo JN.
Neste fim de semana, milhares de portugueses foram vistos a passear. E, por isso, poderá ser aprovado o reforço do policiamento público e, em conjugação com os municípios, a interdição de alguns espaços públicos, como marginais e passadiços, como sucedeu este domingo em Cascais. No entanto, só as câmaras podem decidir, pelo que tem havido contactos também entre os autarcas e o Governo no sentido de alinhar posições.
Marcelo apoia Governo
No distrito do Porto, por exemplo, tem havido várias conversas entre autarcas no sentido de harmonizar estratégias. Ao JN, o presidente da Comissão Distrital do Porto da Proteção Civil, Marco Martins, defendeu medidas mais restritivas e deu o exemplo do seu concelho, Gondomar, onde irá ordenar, a partir desta segunda-feira, o encerramento de parques urbanos e passadiços.
Pouco depois da ministra da Saúde ter admitido que viu com "preocupação" a adesão dos portugueses ao novo confinamento, o presidente da República deixou claro que está disponível para apoiar o Governo na aplicação de medidas mais restritivas, nem que seja "para dar um sinal político aos portugueses". À porta do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi mais longe e anunciou mesmo que Portugal se manterá em estado de emergência quase até à primavera.
"A próxima renovação do estado de emergência será, em princípio, no dia 29 deste mês, e depois haverá várias renovações até ao fim do atual mandato presidencial, haverá três", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. O mandato termina a 9 de março, mas a renovarem-se os estados de emergência sucessivamente por 15 dias, a terceira renovação só termina a 16 de março.
Aulas em casa
Menos de uma semana depois de decidir manter todas as escolas abertas, o Governo pode ter de dar um passo atrás. Estuda-se a possibilidade dos 10.o, 11.o e 12.o anos terem um regime misto, com aulas à distância e presenciais.
ATL abrem
A decisão de fechar os ATL e centros de estudo deixou milhares de crianças sozinhas após as aulas e pais desesperados. Esta segunda-feira, o Governo deverá emendar a mão e permitir que aqueles espaços acolham crianças até aos 12 anos.
Takeaway
Restaurantes e cafés só operam em takeaway ou entregas em casa. A possibilidade de venda à porta (ou ao postigo) gerou ajuntamentos e o Governo quer acabar com isso.