"O próximo Governo tem forçosamente que fazer um grande investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), melhorando as condições de trabalho, contratando mais profissionais e, desta forma, garantir um maior bem-estar aos doentes", disse Marco Gama, 40 anos, enfermeiro há 15. Casado com uma enfermeira e pai de uma menina de 8 anos, esperou ontem que as urnas da escola da Gafanha da Encarnação, em Ílhavo, abrissem para poder votar.
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"A única forma que tinha de exercer o meu direito de voto era estar às 8 horas da manhã na escola, fazer a cruzinha, e depois ir trabalhar até à noite para o Hospital de Aveiro", explicou. Marco está farto de "injustiças e de falsas promessas" e acredita que só a vontade política pode acabar com as desigualdades de salário e de carreira.
"Eu tenho um contrato individual de trabalho, sem termo, não tenho direito a benefícios como a ADSE ou outros. Mas tenho colegas que desempenham as mesmas tarefas que eu e têm contratos diferentes, salários diferentes e regras diferentes", frisou.
Entre as prioridades, além da revisão de carreiras, Marco Gama pede a contratação de mais profissionais. "Sendo que o nosso trabalho é cuidar bem dos doentes, ou são contratados mais enfermeiros ou os serviços, em todo o país, entram em colapso", referiu. A "solução" tem sido esperar, mas a paciência "tem limite": "Desde há 15 anos que me dizem que em setembro vai entrar em vigor nova legislação para pôr ordem na carreira dos enfermeiros. Não me dizem é em que ano vai ser feita justiça".
Tanta espera faz com que sinta alguma desilusão com o "trabalho da Ordem e dos Sindicatos". "Tenho esperança que o novo Governo e o novo responsável pela Saúde compreendam que sem enfermeiros não há cuidados de saúde", finalizou.v