Há dois meses que Ângela Pereira, 34 anos, foi mãe pela primeira vez, num parto de cesariana não previsto pelos médicos que acompanharam a gravidez, na Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS), em Bragança.
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"Não optei pela cesariana. Era para ser um parto normal, acabaram por me provocar o parto, mas depois foi preciso a cesariana, não por minha opção, mas por decisão do médico. Fui informada que o bebé tinha o cordão umbilical à volta", explicou Ângela, não tendo tido mais complicações, apesar de o bebé ter nascido com baixo peso. "Estive cinco dias internada, o bebé ficou mais uma semana. O que importava era a saúde do meu filho", acrescentou.
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Toda a gravidez correu bem e nada deixava antever que fosse necessário recorrer à cesariana. "Dei entrada na Urgência, num sábado, com 39 semanas de gestação. Faltava um dia para as 40 semanas. Tinha febre e fui atendida por um obstetra do Porto que vem auxiliar o serviço, que me disse que a criança tinha que nascer no dia seguinte, pois já tinha pouco líquido amniótico. Com as contrações, o bebé começou a entrar em sofrimento e o médico optou pela cesariana", recordou. Nos dias que esteve internada, no mesmo quarto estava outra mulher que também fez uma cesariana.
As cesarianas têm vindo a aumentar na ULS do Nordeste. Em 2018, num total de 451 partos, 42% foram cesarianas (189), quando em 2017 dos 475 partos, 37,5% foram cesarianas (178). A ULS garante que este aumento é "clinicamente justificado". Questionado pelo JN, o gabinete de relações públicas, citando a diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, refere que "a elevada taxa de cesarianas está relacionada com uma questão de prioridades, ou seja, a opção pela cesariana tem a ver com a segurança da parturiente e do feto, no sentido de evitar consequências para a mãe e o filho".
Segundo a ULS, "a taxa de cesarianas mantém-se sobreponível à de anos anteriores, tal como o quadro médico". No entanto, o Conselho de Administração da ULS Nordeste reconhece que o Serviço de Ginecologia e Obstetrícia "necessita de ser reestruturado, quer ao nível dos recursos humanos, quer das instalações", e revela que estão a ser estudadas medidas para melhorar o serviço.
A ULS conta com oito médicos de Ginecologia/Obstetrícia, três dos quais são do quadro de pessoal e cinco em regime de prestação de serviço. Está em marcha um concurso público para contratar mais um médico e, assim, suprir a vaga atribuída pelo Ministério da Saúde.