Esta sexta-feira haverá greve nacional de professores. O secretário-geral da Fenprof acredita que terá uma adesão superior a 90%. O líder da FNE crê que podem fechar "milhares" de escolas pelo país. Será mais um ano de contestação cerrada.
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O dia mundial do professor celebra-se amanhã. A Internacional da Educação dedicou esta semana à classe e a plataforma sindical convocou para esta sexta-feira a primeira greve nacional de professores. As expetativas de Mário Nogueira e de Pedro Barreiros já eram elevadas mas depois de António Costa afastar liminarmente qualquer possibilidade de negociação do tempo de serviço ainda ficaram mais.
"Podem fechar várias centenas, até milhares, de escolas pelo país e as que não fecharem vão funcionar com grandes constrangimentos", acredita Pedro Barreiros.
A contestação voltará às ruas durante o debate da proposta de Orçamento do Estado para 2024. Em cima da mesa podem estar novas greves e manifestações.
Os professores sentem-se “muito entalados” entre a porta que o presidente pede ao Governo para entreabrir e que é logo fechada de seguida pelo primeiro-ministro, defende o líder da FNE. A recuperação do tempo de serviço que esteve congelado (6 anos, 6 meses e 23 dias) é a principal reivindicação que alimentou um ano de protestos e ameaça voltar a fazê-lo este ano letivo.
O tempo trabalhado mas ainda não contado reduz salários, aposentações e vai impedir milhares de se aproximarem dos últimos escalões da carreira. Está longe de ser o único problema que enfrentam mas a recusa do Governo em negociar já levou Mário Nogueira a acusar o primeiro-ministro de ter um “ódio de estimação” pelos professores. A recuperação, que está a acontecer nas regiões autónomas, é ilustrativa da falta de condições de trabalho e somada ao envelhecimento, às vagas para progressões ou quotas na avaliação, argumentam, contribui para a pouca atratividade da carreira e agrava a crise de falta de docentes.
Mário Nogueira já classificou este arranque de ano num dos piores. Ainda há milhares de alunos sem todas as aulas, professores que continuam com a casa às costas. E proposta de revisão da formação inicial que prevê o retorno de estágios remunerados ameaça ser mais um motivo de contestação.
Maria de Lurdes Rodrigues acabou com o modelo de estágios remunerados em que os docentes cumpriam esse período inicial da carreira em contexto de sala de aula. Mas nessa altura, frisa Nogueira, os estagiários ficavam nos horários dos orientadores. Agora o ministério pretende dar aos supervisores uma hora de redução letiva por estagiário, por semana. E colocar os estudantes em horários de 12 horas letivas semanais. Ou seja, garante, "Vão ser retirados milhares de horários que vão impedir professores de quadro de se aproximarem da residência".
A greve de sexta-feira, insiste Nogueira, também vai celebrar-se quando ainda há professores e diretores com faltas injustificadas e processos disciplinares por terem aderido à greve da Função Pública de março. Os docentes foram penalizados por não cumprirem serviço mínimos aplicados à greve do S.TO.P que o Tribunal da Relação já decretou como ilegais.