A adesão à greve dos médicos da Administração Regional de Saúde Norte, que iniciaram esta quarta-feira uma paralisação de dois dias, ronda os 85% nas consultas externas dos hospitais, 90% nos centros de saúde e 95% nos blocos operatórios, avança o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
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Ao JN, Hugo Cadavez, secretário Regional do Norte do SIM, adianta que na USF Porto Centro, Lordelo do Ouro e São Bento, no Porto, e na USF São Torcato, em Guimarães, todos os médicos aderiram à greve. Na USF Terras de Lanhoso, na Póvoa de Lanhoso, e na USF Afurada, em Vila Nova de Gaia, a adesão é de 100%.
O cenário repete-se nos blocos operatórios dos principais hospitais da região. No Centro Hospitalar de Gaia/Espinho “todos os blocos estão parados”. Já no Hospital de Braga, apenas dois blocos operatórios estão a funcionar e todos os médicos do serviço de ginecologia e obstetrícia fizerem greve.
No Hospital de Santo António, no Porto, só está a funcionar uma sala do bloco de ambulatório. “No bloco operatório central funcionam apenas três de um total de 15 salas”, avança Hugo Cadavez ao JN.
Os médicos da Administração Regional de Saúde Norte iniciaram, esta quarta-feira, uma greve de dois dias convocada pelo SIM para exigir ao Governo a revisão da grelha salarial.
Arrepiar caminho e investir nos salários dos médicos
Para Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) Norte, estes números representam “uma adesão expressiva a esta greve”, realçando que a proposta do Governo é insuficiente. “Não é aceitável a proposta que o Governo fez do aumento de 3,1% do salário dos médicos que trabalham 40 horas e que representam cerca de 1800 euros líquidos por mês”, atesta ao JN.
Segundo o presidente do SIM, o novo regime de dedicação plena também origina algumas “dúvidas”, uma vez que obriga a um "aumento da carga de trabalho e à manutenção de 18 horas de serviço de urgência, quando o ideal seriam 11 horas”, explica.
Ao JN, Roque da Cunha espera ainda que, com mais esta “expressiva adesão à greve”, o Governo “arrepie caminho e invista não só nos salários dos médicos, mas também em condições de trabalho”. “No ano passado, no Orçamento do Estado, foram aprovados cerca de 530 milhões de euros para investimento no SNS e foram executados pouco mais de 220 milhões. Continuam as cativações”, acrescenta.