No início da manhã, as consultas externas no Hospital de S. José, em Lisboa, estavam a funcionar dentro da normalidade, sem grandes constrangimentos, apesar de os médicos iniciarem esta quarta-feira dois dias de greve pela valorização da carreira e das tabelas salariais, convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
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Na Unidade Familiar da Baixa, há quem tenha visto as suas consultas a serem adiadas. Alguns pacientes não tinham conhecimento da greve, outros sabendo do protesto deslocaram-se na mesma a este hospital e centro de saúde para consultas que já tinham marcadas.
Nesta primeira greve pós-pandemia, a manhã foi calma no serviço de consultas externas no Hospital de S. José. Lá dentro, na sala de espera, aguardam alguns utentes que vão sendo chamados quando é a sua vez.
Apesar de saber que os médicos estão em greve, Cláudia Ramos, 55 anos, foi até ao hospital para uma consulta marcada às 9.30 horas. "Ainda não tenho informação se a médica está ou não está", disse. Chegada "há cerca de dez minutos", esperava ser atendida um pouco depois da hora "porque normalmente atrasa um bocadinho". "Aqui nunca tive o prazer ou desprazer de apanhar as greves deles", contou.
Já Mila Creo foi fazer um exame que tinha marcado. "Nem sabia que havia greve hoje, correu tudo normal. Pelo menos o que eu vim fazer foi super rápido, até pensei que fosse demorar mais tempo", conta.
Consultas canceladas no Martim Moniz
A uns metros do hospital, a greve fez-se sentir de forma diferente na Unidade de Saúde Familiar da Baixa, na Praça do Martim Moniz. À porta estão afixados os avisos de greve. António Costa, 66 anos, aguardava pela consulta de rotina com o médico de família marcada para as 10 horas. Quando chegou, uns minutos antes, "na sala de espera aguardavam cerca de dez pessoas". "Sabia que estão em greve, mas nem todos os médicos aderem, daí a razão para aqui estar", afirma. "Vou aguardar. Se o médico vier tudo bem, senão a consulta vai ser reagendada para outra altura. É o que temos".
Menos satisfeita sai Maria Manuela, 79 anos, deste centro, depois de lhe terem dito que o médico que a iria ver não dará consultas por motivo de greve. "Estava marcada há dois meses, agora ficou para terça-feira, dia 14", diz, mostrando os papéis que trazia consigo.
Espera-se que a adesão à greve seja maior durante à tarde, com a manifestação marcada para as 15 horas, que irá partir do Ministério da Saúde, em Lisboa. Recorde-se que a FNAM manteve o protesto em resposta à proposta do Governo para os médicos fazerem trabalho noturno e urgências até aos 60 anos.