Os protestos de professores estão em crescendo e parecem longe de acabar: há greves convocadas por várias organizações sindicais até fevereiro.
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"Neste momento, pais e direções estão à beira de um ataque de nervos", admite, ao JN, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que pede ao Governo que se sente à mesa com os sindicatos de professores o mais rapidamente possível. Há pais com faltas injustificadas ao trabalho para ficar a cuidar das crianças mais novas.
Aperta-se o cerco ao ministro da Educação e ouvem-se apelos para que chame os sindicatos - antes do fim do mês, como previsto - para pôr termo à instabilidade que se vive. Caso a reunião negocial com a tutela seja antecipada, as várias organizações sindicais e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) admitem marcar presença.
"Não haverá acordo sem uma discussão sobre os fracos vencimentos dos professores, uma mudança no modelo de avaliação de desempenho, sobre a carga burocrática e a situação daqueles que estão deslocados", admite Filinto Lima.
Pais estão descontentes
O dirigente aponta para a necessidade de o ministério das Finanças estar presente nessa reunião que deverá ser em torno "de todo o desinvestimento na escola pública". Apesar de admitir que os pais estão descontentes, Filinto Lima diz que os diretores "não podem furar greves" e farão apenas "o que for legal". "No início acho que os pais perceberam a luta dos professores. Agora temo que se possam virar contra eles", admitiu.
À Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) têm chegado queixas de pais "aborrecidos e revoltados" porque desconhecem o estilo de greve, tendo de se "ajustar a uma possível hora de uma greve indeterminada", explicou, ao JN, Mariana Carvalho, presidente da Confap.
Os pais questionam a legalidade da greve, se se mantêm abertos os ATL, e terem de faltar ao trabalho, sem justificação. "Cinco faltas são suficientes para o empregador começar um despedimento por justa causa", explica Mariana Carvalho. Por outro lado, os pais temem as consequências que a contestação possa ter nas crianças e jovens numa retoma recente pós pandemia.
"Os pais querem colaborar com os professores - reconhecem que sem eles não teríamos uma educação de qualidade -, mas pedem que sejam ponderados", sublinha.
Para a Confap, as escolas têm de encontrar soluções para acolher as crianças "numa componente não letiva", como nos ATL, para "não penalizarem a vida das famílias".
Ameaçam acampar
Se até terça-feira, dia 10., a tutela não convocar nova reunião e não abandonar a alteração à contratação de docentes, a Fenprof admite acampar, entre 10 e 13 de janeiro, frente ao ministério, em Lisboa.
Professores de novo na rua
No passado sábado os professores concentraram-se à frente das câmaras municipais de várias capitais de distrito, num protesto organizado pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP). Os protestos culminam na marcha "pela escola pública" marcada para dia 14 de janeiro, em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço.