Chamam-lhes de "máquina eleitoral". São cerca de 75 mil pessoas que, desde há 40 dias, tudo fazem para que os que cá vivem e os que emigraram elejam mais um Governo, pela 14.ª vez desde o 25 de Abril, sem contar com a eleição da Assembleia Constituinte de 1975. E o seu trabalho não terminará esta noite, já que no dia 14 ainda terão pela frente a contagem dos votos dos 293 mil portugueses recenseados no estrangeiro.
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Quando os locais de voto abrem, às 8 horas da manhã, para que 9,3 milhões de recenseados em território nacional escolham entre as 16 forças políticas a jogo, já houve todo um percurso que arrancou com a contribuição de funcionários judiciais, passando pela emissão de 11,6 milhões de boletins, ou o apoio de agentes da PSP.
Segundo o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral, Jorge Miguéis, todo este universo representa um custo de 8,5 milhões de euros, sendo cerca de três milhões para pagar às 59 mil pessoas que integram as 11 800 mesas de votos - compostas por cinco membros, incluindo um presidente, e que recebem 50 euros cada um.
Regionais testaram novo sistema
A grande novidade destas eleições é a forma como serão comunicados e centralizados os resultados. Até agora, havia 20 centros de introdução de dados. Hoje a informação será estabelecida entre os 308 municípios e o SIAR (Sistema de Informação e Apuramento de Resultados), instalado no Taguspark, em Oeiras.
"As próprias câmaras irão introduzir os dados. Estaremos assim rapidamente mais perto dos resultados definitivos, porque não há nesta cadeia um intermediário. Já testamos com sucesso o SIAR nas eleições regionais da Madeira, a 29 de março, com os 11 municípios", explicou, ao JN, Jorge Miguéis, do organismo sob alçada da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, para quem a preocupação reside agora no risco de os votos dos emigrantes no Brasil não chegarem a tempo devido à greve nos correios daquele país.
As melhorias tecnológicas contrastam com uma lei eleitoral que peca por se manter intocável desde 1976 - onde não consta o impedimento de haver jogos de futebol em dias de eleições, mas que proíbe a caça. "Como o legislador não a alterou, porque precisa que haja dois terços do Parlamento para o fazer, então temos, por exemplo, na lei multas de 1000 escudos", admitiu João Almeida, porta-voz, da Comissão Nacional de Eleições, que a partir das 7 horas da manhã já está reunida para atender a qualquer pedido ou reclamação.