O número de pessoas a ocupar camas nos hospitais após a alta clínica, isto é, sem que tenham um motivo de saúde que o justifique, não tem parado de aumentar nos últimos anos.
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Em março deste ano, contabilizavam-se 2164 camas ocupadas devido a internamentos inapropriados, um aumento de 11% face ao ano passado. A falta de vagas nos lares e nas unidades de cuidados continuados continuam a agravar o problema.
Em média, houve 175 dias de internamento inapropriado nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os custos para o Estado português são evidentes: são hoje mais de 68 milhões de euros. Os dados foram obtidos na 8.ª edição do Barómetro dos Internamentos Sociais, que é apresentado esta quarta-feira no Centro de Reabilitação do Norte, em Gaia.
A análise feita pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, em parceria com a consultora EY Portugal e na qual participaram 29 hospitais do SNS, vai mais longe e estima que o custo anual dos também chamados internamentos sociais pode ultrapassar os 260 milhões de euros.
No ano passado, o aumento deste tipo de internamentos tinha sido de cerca de 60%. Apesar dos dados mais recentes apontarem para um abrandamento nos números - uma subida de 11% este ano -, o problema continua a ser evidente no SNS, segundo o barómetro.
No total dos internamentos nos hospitais públicos, as camas ocupadas indevidamente representam cerca de 11%: são sobretudo pessoas do sexo masculino e com mais de 65 anos. O Ministério da Saúde quer libertar mil camas de internamento e já terá debatido o tema, em maio, com os administradores hospitalares, avançou o jornal “Público”, na semana passada.
Ajuda de misericórdias
Em março, 44% dos utentes aguardavam vaga nos cuidados continuados e 30% em lares. O presidente da União das Misericórdias Portuguesa foi consultado pelo atual Governo e adiantou que estão a ser estudadas soluções. Estas instituições podem vir a ser convocadas para ajudar a resolver os internamentos sociais. Mas, ainda não se sabe qual o número de utentes abrangidos.