A ampliação do Hospital de Aveiro pode ter oportunidade de garantir financiamento, em breve, através de fundos comunitários. Isabel Damasceno, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), assumiu esta sexta-feira que "não há falta de dinheiro, desde logo tendo em conta o Plano de Recuperação e Resiliência, apresentado em Bruxelas pelo primeiro-ministro, António Costa.
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"Se há uma coisa que compreendo que não há problema neste ataque à situação [pandémica] é a falta de dinheiro. Não vai haver falta de dinheiro", garantiu a presidente da CCDRC, na Conferência JN "Aveiro no Centro da resposta à pandemia", que está a decorrer no Centro de Congressos de Aveiro e que pode ser acompanhada em direto. A preocupação, por isso, prende-se com "a rapidez da disponibilização das verbas".
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"Será fundamental que o nosso Estado tenha capacidade de se adiantar em algumas situações. Vai haver dificuldades naturais para executar todos estes fundos e todos os atores são fundamentais para ajudar a executá-los", sublinhou Isabel Damasceno.
A presidente da CCDRC assumiu também que a prioridade "número um" da região de Aveiro é o hospital, cuja ampliação - que prevê também a criação do Centro Académico Clínico da Universidade de Aveiro - é ansiada há algum tempo. "Eu não tenho dúvida nenhuma de que, com essas possibilidades que há, com certeza que o hospital terá financiamento. Quer o hospital, quer todos os projetos com maturidade", sublinhou.
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Margarida França, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga - que integra os hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja - tinha adiantado, pouco antes, também como oradora da conferência, que "o hospital, de facto, não tem espaço". "O hospital, provavelmente, não terá mais camas. O que queremos é dar espaço aos doentes e aos profissionais. A outra necessidade é a de desenvolvimento e de expansão de algumas especialidades, que têm listas de espera elevadas e para as quais nem gabinetes temos para os médicos que contratamos", explicou.
Também Filipe Teles, pro-reitor da Universidade de Aveiro, deixou claro que "a importância do Centro Académico Clínico é sublinhada pela crise que vivemos" e que a articulação da saúde com "a investigação clínica, promovendo a criação de um cluster de dispositivos médicos, é uma importância inquestionável para a qualificação do setor".
Ligação Aveiro-Salamanca
A importância dos investimentos na ferrovia foi outro dos temas em debate, no painel da manhã da Conferência JN, com a nova ligação ferroviária entre Aveiro e Salamanca a ter especial destaque. "No mundo global, estar conectados não é uma opção, é uma necessidade imperativa. "Agora, mais do que nunca, é necessário que [a ligação] se materialize. Desenvolver esta conexão deve ser prioritário para os nossos Governos e na nossa reivindicação de acelerar as obras, estamos satisfeitos por contar com a cumplicidade de Aveiro", declarou Carlos Garcia Carballo, alcaide de Salamanca, presente através de videoconferência.
A modernização do corredor em questão seria essencial, justificou Garca Carballo, "para o desenvolvimento do porto seco de Salamanca, uma obra que receberá por via férrea as mercadorias que cheguem dos portos portugueses de Leixões e de Aveiro, para a sua posterior distribuição ao resto de Espanha e da Europa".
Fátima Alves, presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro (APA), também fez questão de salientar que "a ligação Aveiro-Salamanca" permitiria "um aumento do 'interland' para a Península Ibérica e depois para a Europa". Até porque a APA está empenhada em "explorar o potencial" do seu ramal ferroviário, que já chegou a ter quatro comboios por dia, contando com a circulação, atualmente "de apenas um ou dois".