Grupo de Informática só tem 28 candidatos. "Há escolas em Lisboa onde faltam 17 docentes", alertam diretores.
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Três semanas após o arranque das aulas, há alunos sem professor a pelo menos uma das disciplinas e grupos de recrutamento quase esgotados. Após a quarta reserva de recrutamento, estão por colocar "pouco mais de 12 mil professores", contabiliza Vítor Godinho, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof). São menos do que os que esperavam por colocação, no ano passado, à 10.º reserva, em dezembro, assegura Arlindo Ferreira, especialista em estatísticas da Educação.
No grupo de Informática, "o mais crítico", "há apenas 28 candidatos na lista", revela Vítor Godinho. Mas há outros casos "preocupantes": em Geografia e Filosofia estão 122 por colocar, a Inglês (2.º Ciclo) 179 e a História, 202. "São muito poucos para as necessidades", assegura. Mesmo a Biologia e Geologia e a Física e Química, onde há 350 e 320 docentes, "como há cursos com sete tempos semanais onde bastam três turmas para preencher um horário, as listas podem esgotar-se muito rapidamente".
"Realidade virtual"
"Sei de escolas em Lisboa onde faltam 17 professores", assume Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP). Além de se sentirem muito mais cedo, as dificuldades nas substituições, alertam os dirigentes, estão a alargar-se a outras disciplinas. Para já, mantém-se nas duas regiões que registam maiores carências nos últimos anos: Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.
"Não há professores disponíveis para aceitar horários temporários e incompletos, de 12 ou 14 horas, por exemplo, por um salário de 500 euros que nem chega para as despesas em Lisboa", explica Manuel Pereira, presidente da Associação de Dirigentes Escolares (ANDE), considerando que as autarquias também deviam tomar medidas de incentivo à fixação de docentes.
Há horários, garantem, superiores a oito horas por preencher que irão passar para oferta de escola. "O ministro tem defendido que este não é um problema sistémico, só pode estar em estado de negação ou viver numa realidade virtual. A casa está claramente desgovernada", critica Vítor Godinho.
Pormenores
20 mil contratados
Este ano, já foram contratados 20 418 professores, mais 4409 do que no ano passado. Houve 35 mil candidatos, mas quase três mil já saíram das listas, pelo que continuam por colocar cerca de 12 mil, contabiliza a Fenprof.
À procura do reforço
O aumento de 4409 não equivale a um reforço, frisa Vítor Godinho: no ano letivo passado aposentaram-se cerca de 1500 e 1841 horários são colocações temporárias (baixas).