Depois da inversão registada em 2021, população em risco de pobreza ou exclusão social reduziu-se em três pontos percentuais, para os 19,4%. São agora dois milhões
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Após o travão, ocorrido em 2021, em plena pandemia, na descida da taxa de risco de pobreza iniciada em 2015, o ano passado fecha com menos 296 mil portugueses naquela condição. Os dados, ainda provisórios, nesta sexta-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), dão conta que a percentagem de população em risco de pobreza ou exclusão social recuou para os 19,4%, menos três pontos percentuais (p.p.) face a 2021. São, agora, 2,006 milhões de portugueses naquela condição. Num rosto que se mantém feminino, infantil e idoso.
Tomando por base o indicador alinhado com a estratégia Europa 2030 - que pondera condições de pobreza relativa, de privação material e severa e de intensidade laboral per capita muito reduzida -, a população em risco de pobreza ou exclusão social, no ano passado, fechou nos 19,4%. Numa leitura regional, o risco de pobreza aumentou e mantém-se em níveis elevados nos Açores (29,6%, mais 1,9 p.p.) e na Madeira (29,6%, mais 1 p.p.). Mesmo assim, abaixo dos valores verificados em anos pré-pandemia, acima dos 30%.
Em sentido inverso, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) regista a mais baixa taxa, caindo 3,3 p.p. para os 13,6%. Seguindo-se o Alentejo (17,2%) e o Centro (18,1%). A região Norte fechou 2022 com uma taxa de risco de pobreza ou exclusão social de 23,2% (menos 2,6 p.p.) e o Algarve de 24,5% (menos 0,9 p.p.).
Já o inquérito às condições de vida e de rendimentos, realizado pelo INE no ano passado sobre rendimentos de 2021 (não incorporando, por isso, os impactos da inflação e da subida das taxas de juro), apura que a taxa de risco de pobreza - população que vive com menos de 551 euros por mês - caiu para os 16,4% em 2021 (menos 2 p.p.). Numa descida transversal a todos os grupos etários, sendo mais acentuada na população com 65 ou mais anos, nos 17%. Num fenómeno que continua a fustigar mais as crianças (0-17 anos), com 18,5% naquela condição. E, apesar da descida verificada, as mulheres mantêm um risco de pobreza superior aos dos homens (16,8% contra 15,9%, respetivamente).
Olhando aos agregados, as famílias monoparentais, maioritariamente femininas, com, pelo menos, uma criança dependente, mantêm, também, a mais alta taxa de risco de pobreza, nos 28%, depois de ter disparado cinco pontos percentuais, em 2020, para os 30,2%. De notar, ainda, que apesar da descida generalizada nos vários tipos de agregados, nas famílias com dois adultos e duas crianças a cargo aquele indicador aumentou 1 p.p. para os 12,8%.
De referir, por último, que a desigualdade, medida pelo Coeficiente de Gini (vai de 0 a 100, sendo que em 100 todo o rendimento se concentra num único indíviduo), recuou, em 2021, para os 32% (menos 1 p.p.). De acordo com o INE, "apenas os 30% das pessoas com menores rendimentos registaram um aumento dos rendimentos monetários líquidos entre 2020 e 2021".
Em 2021, recorde-se, a taxa de risco de pobreza (Europa 2030) no nosso país disparou para os 22,4%, invertendo uma trajetória de descida que se iniciara em 2015, com 2,312 milhões de residentes naquela condição. Colocando, no ano em análise, Portugal no 8.º lugar dos países da União Europeia com maior risco de pobreza. Os dados europeus para 2022 não foram ainda divulgados.