O ministro da Saúde defende que o aumento da afluência a urgências hospitalares, que nalguns casos atinge as 10 horas de espera, não é uma situação caótica porque todos os doentes têm sido encaminhados. "Há sempre uma porta aberta no SNS", afirmou esta quarta-feira Manuel Pizarro.
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"Roma e Pavia não se fizeram num dia. Estamos a trabalhar ativamente com os profissionais que estão no terreno. Vamos continuar a precisar muito desse esforço e de organizar melhor os serviços. Não desvalorizo nada as dificuldades que ocorrem nas urgências, mas não tratem isto como um caos porque não é", afirmou Manuel Pizarro.
O ministro justifica a "situação de pressão" nos serviços com o maior número de infeções respiratórias, normais nesta época do ano, que se somam aos casos de covid-19. Foi por isso, frisou, que se antecipou o plano de vacinação, tendo já 1,9 milhões de pessoas sido vacinadas contra a gripe e recebido a quarta dose de reforço contra a covid-19, revelou.
Manuel Pizarro admite alterar o horário dos centros de saúde para responder à maior afluência às urgências mas só quando se atingirem determinados níveis de ocupação hospitalar.
"Isso acontecerá quando houver certos níveis de ativação. Vamos organizar a resposta de forma a dar-lhe a maior eficiência possível sem ignorar que neste período de inverno vai haver maiores dificuldades. Está mesmo relacionado com a ocorrência de mais infeções respiratórias. Quero reiterar o meu apelo a que se continue o programa de vacinação contra a gripe e a quarta dose de reforço contra a covid", acrescentou.
Confrontado com o facto de hospitais na região de Lisboa ontem terem tido que reencaminhar doentes para o Santa Maria, defendeu que essa resposta resulta do funcionamento em rede. "O último hospital do sistema tem de aceitar todos. Há sempre uma porta do SNS aberta", garantiu o ministro.
Já o bastonário da Ordem dos Médicos, que também esteve esta manhã presente na apresentação de um relatório da Convenção Nacional de Saúde, considera que ministro e novo CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, têm de no próximo ano começar a resolver problemas estruturais.
"Não podemos continuar a falhar", afirmou, apontando a falta de especialistas como um dos problemas mais graves que tem de ser minimizado com a valorização da carreira médica para evitar a fuga de médicos para o estrangeiro. Além disso, insistiu Miguel Guimarães, "cerca de 50% dos especialistas estão fora do SNS e é preciso tentar captá-los", nomeadamente através de acordos com o setor privado. "Deve-se usar todos os mecanismos", defendeu, para que episódios de picos de afluência agravados com limites na resposta aconteçam cada vez menos.