Projeto do Serviço Jesuíta aos Refugiados pretende criar condições para uma vida digna em Portugal. Senhorios e famílias são chamados a participar no acolhimento.
Corpo do artigo
A_REDE é a nova plataforma que pretende ajudar refugiados a encontrar habitação em Portugal. O projeto tem como principal missão criar as condições necessárias para os refugiados se instalarem da melhor forma, sendo uma espécie de "ponte" entre os que chegam ao país e qualquer família ou senhorio que queira fazer acolhimento e participar na inclusão dos refugiados na sociedade portuguesa.
A plataforma digital "visa reforçar a capacidade de mobilização da sociedade em prol da inclusão de refugiados no território nacional"., de forma a que estes possam recomeçar as suas vidas de uma forma digna.
Os interessados que pretendam fazer parte desta rede podem informar, mediante o preenchimento de um formulário online, sobre as características que desejam em relação aos imóveis e às condições de pagamento.
A iniciativa é do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS Portugal) e da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), com o intuito de celebrar contratos de arrendamento com duração mínima de 1 ano, entre as famílias refugiadas e senhorios nacionais, com o amparo do JRS.
"O acesso à habitação é um desafio que afeta todos, indiscriminadamente, em Portugal. No entanto, para as pessoas refugiadas, as dificuldades são acrescidas. Este projeto vem, precisamente, convidar os senhorios a colocarem-se na sua pele e o impacto que poderão ter na vida de quem foi forçado a deixar tudo para trás. Estamos a falar de pessoas que não têm amigos ou familiares em Portugal que as ajudem a superar as exigências do mercado de arrendamento privado", explica André Costa Jorge, diretor do JRS Portugal e coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados.
Portugal acolhe melhor
Esta é uma iniciativa pioneira em Portugal, atenta a uma clara diferença vivida no país referente ao número de refugiados acolhidos em Portugal, entre 2020 e 2023, conforme explica o Observatório de Migrações: "Portugal não se encontra entre os principais destinos de proteção internacional no mundo ou na Europa: dos 26,4 milhões de refugiados no mundo em 2020, apenas 2,7 milhões (12,9%) estavam em países da União Europeia (UE) e desses, Portugal somente acolheu cerca de 2,4 mil, ou seja, 0,1% do total dos refugiados da UE."
De acordo com a mesma fonte, é mencionado no relatório que "em 2021, cerca de 2.725 pessoas beneficiaram de proteção internacional em Portugal (1.596 com estatuto de refugiado e 1.129 com título de proteção subsidiária)". O observatório aponta ainda o número de pessoas que chegou e arranjou casa: "Em 2021, apenas 23% encontrou uma solução de alojamento no final do programa de acolhimento de 18 meses, ou seja, apenas uma minoria foi considerada autónoma neste aspeto."
No entanto, estes números estão a mudar. No ano de 2022, Portugal cresceu nos apoios aos refugiados e conseguiu reverter a situação. Foi a guerra com a Ucrânia que permitiu que o país seja agora considerado mais hospitaleiro.
Humanizar a relação com os refugiados é a principal missão da plataforma digital A_REDE, que conclui: "Os refugiados merecem uma vida digna quanto qualquer outro cidadão."