Em quatro anos, a iniciativa do Dia Internacional da Limpeza Costeira já recolheu mais de 122 toneladas de lixo das praias portuguesas com a ajuda de cerca de 18 600 voluntários. De 16 a 24 de setembro a fundação Oceano Azul organiza cerca de 180 ações de limpeza que começam este sábado na Costa da Caparica, em Almada.
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No dia 16 de setembro assinala-se o Dia Internacional da Limpeza Costeira e, para a sua celebração, a fundação Oceano Azul, com o apoio da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e de quase 4 mil voluntários, vai dedicar 8 dias à limpeza costeira e subaquática de 180 praias, rios e outros cursos de água em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e da Madeira.
Flávia Silva, gestora de projetos da Fundação Oceano Azul, apela à participação das pessoas e “para verem quais as ações mais perto de si no website da fundação. O registo para participar nas ações de limpeza está aberto até ao último dia”.
Com esta iniciativa, a fundação pretende “promover o trabalho de organizações ambientais e outras entidades para terem maior impacto a nível local”. Flávia Silva conta ao JN que a celebração do Dia Internacional da Limpeza Costeira visa “sensibilizar a população para a situação do lixo marinho”.
Dois camiões de lixo a cada minuto
Conta que “a cada minuto entram no oceano o equivalente a dois camiões de lixo no mundo todo e 80% vem de atividades terrestres”. Explica que “quando se participa nestas ações nunca mais se vê o lixo da mesma forma — é importante meter as mãos à obra para tentar mudar os comportamentos das pessoas”.
“O lixo marinho tem muitos impactos que vão para além do visual, que é um problema especialmente nas zonas turísticas. Tem também um impacto económico no setor náutico e das pescas porque cria muitos danos em embarcações; há o impacto na saúde humana, porque pode haver contaminações e infeções devido a pequenas feridas criadas pelo lixo. Obviamente há também o impacto no meio marinho, ambiente, na destruição de habitats e espécies marinhas. Milhares de animais marinhos morrem por causa disto, comem lixo por pensarem que é comida, ou ficam presos em bocados de lixo”, esclarece.
A gestora de projetos da fundação aconselha os voluntários a levarem “roupa e calçado confortável — com chinelos pode ser perigoso porque nunca se sabe que tipo de lixo se vai encontrar — boné, água e protetor solar”. Acrescenta que a fundação “oferece seguro de acidentes pessoais a todos os voluntários” e que, “para além dos materiais essenciais para a limpeza, o voluntário só precisa de boa disposição e vontade. Não é preciso muito para fazer muito, só vontade”.
A maioria do lixo recolhido “ainda está em condições de ser reciclado, podendo ser colocado nos ecopontos, mas é preciso ser feita uma avaliação porque pode ter estado dentro de água durante muito tempo e já não ser reciclável”, explica Flávia Silva ao JN.
No fim das limpezas, as organizações “enviam a quantidade de lixo recolhido (peso) e o top 3 de itens recolhidos, tal como o número de participantes e a extensão das praias que foram limpas, para se fazer um balanço”. Normalmente, os resíduos mais recolhidos são “plásticos e beatas de cigarros”.
Na celebração do Dia Internacional da Limpeza Costeira, este sábado, vários representantes das embaixadas e o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, vão marcar presença na inauguração das ações de limpeza na praia Cabana do Pescador.
“Limpar a Costa: da Trafaria à Fonte da Telha” é o nome da ação durante a qual movimentos de cidadãos, ONG, escolas de surf e embaixadas de vários países terão como objetivo limpar 32 praias ao longo de 13 km.