O Hospital Garcia de Orta, em Almada, tem esta segunda-feira internados 176 doentes infetados por covid 19, a lotação máxima das camas disponíveis, e espera a autorização de outros hospitais para transferir doentes.
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A lotação total verifica-se desde domingo, dia em que o hospital aumentou em cinco o número de camas para doentes covid-19 e mesmo assim teve que transferir dois doentes para outros hospitais.
"Hoje, o hospital volta a registar um crescimento dos doentes internados positivos para a infeção por SARS-COV-2 e a ajustar a lotação afeta à covid-19, de modo a acomodar a necessidade do número de doentes internados", explica o conselho de administração do Hospital Garcia de Orta (HGO). O hospital tem uma taxa de ocupação superior a 250% relativamente ao que previa o Plano de Contingência, de 66 camas em enfermaria e nove de cuidados intensivos, destinadas a doentes positivos. Dos 176 atualmente, 156 estão internados em enfermaria, 17 em cuidados intensivos. Outros três estão a ser seguidos em casa.
Atendimento regularizado na Urgência
A pressão na Urgência levou a que durante o fim de semana houvesse uma maior dificuldade no atendimento de doentes transportados em ambulâncias na Urgência, apurou o JN. Esta segunda-feira, apesar da lotação permanecer completa no que diz respeito às camas covid-19, a normalidade do atendimento foi restabelecida.
Carlos Pereira, residente no Seixal, esperava ao início da tarde desta segunda-feira pela sua mulher que, durante a manhã, teve que ser levada ao hospital por dor aguda no peito. "Foi atendida pelas 11 horas, vista imediatamente e espera agora por exames complementares", disse ao JN. Eram 14 horas.
"A minha mulhera não queria vir ao hospital por temer que estivesse caótico, ignorou até a dor no peito que sentiu no domingo, mas hoje não havia alternativa", referiu Carlos Pereira, satisfeito pela celeridade do atendimento. O seixalense lamenta, ainda assim, que se vejam pessoas sem máscara a circular no exterior do hospital. "Temos que levar a pandemia a sério e é triste que poucos o façam".
O cenário era o mesmo transmitido por familiares que esperavam a alta dos utentes que deram entrada na Urgência do hospital durante o dia. Ambulâncias chegavam, deixavam os utentes e voltavam à estrada com as macas, sem que houvesse retenção.
O Hospital Garcia de Orta prevê que a curto prazo seja prolongado o funcionamento das áreas dedicadas para doentes respiratórios nos centros de saúde do Laranjeiro, Almada e do Seixal, até às 20 horas, e apela a que a população destes concelhos "em caso de sinais e sintomas compatíveis com doença respiratória aguda, se dirija às áreas dedicadas para doentes respiratórios - ADR - dos Centros de Saúde - reservando as situações mais graves, agudas e urgentes para serem assistidas no hospital".
Na Região de Lisboa de Vale do Tejo, o HGO tem sido um dos hospitais com maior volume de doentes infetados por SARS-COV-2, internados em enfermaria. No universo dos hospitais desta região, tem mantido uma taxa de esforço elevada e contínua, para prestar cuidados a doentes covid-19. Daí, o hospital "agradece o elevado esforço, dedicação e compromisso dos seus profissionais".